O Sepultura abriu a turnê mundial "Celebrating Life Through Death" com dois shows lotados: em Belo Horizonte, na sexta-feira (1), e em Juiz de Fora, no sábado (2). Prevista para durar um ano e meio, a excursão marca o encerramento da carreira da banda após 40 anos de atividades.
A escolha da capital mineira como ponto de partida não foi aleatória: a banda de heavy metal nasceu em 1984 no bairro de Santa Tereza, berço também do Clube da Esquina e do Skank. O público local não decepcionou, esgotando os 5.000 ingressos colocados à venda e cantando a plenos pulmões durante as quase duas horas de espetáculo.
O quarteto formado por Andreas Kisser (guitarra), Paulo Jr. (baixo), Derrick Green (vocal) e Greyson Nekrutman (bateria) iniciou os trabalhos com uma trinca do álbum "Chaos A.D." (1993), um dos preferidos dos fãs e que marcou uma virada na trajetória da banda por ser o primeiro a incluir instrumentos percussivos e ritmos brasileiros.
"Refuse/Resist", "Territory" e "Slave New World" serviram para mostrar que Greyson não ficaria devendo nesta que foi sua primeira apresentação ao vivo com a banda. O americano entrou para o grupo dias antes do início da turnê e teve pouco tempo para aprender o repertório após a saída inesperada de Eloy Casagrande.
O novato foi bastante aplaudido e apoiado pelos fãs, que demonstravam certa expectativa e dúvidas sobre ele antes da abertura dos portões.
"Vocês já estavam gritando o nome desse grande camarada, que veio pegar as baquetas num momento muito difícil e está fazendo um trabalho maravilhoso", declarou Kisser ao apresentar o novo integrante no primeiro terço do show.
"Obrigado pelo carinho nesse momento do Sepultura, aqui onde tudo começou. Isso vai ser inesquecível, é realmente um começo de turnê memorável", completou o guitarrista.
O setlist não fugiu muito do esperado, tendo como base cinco músicas de "Chaos A.D." e mais cinco de "Roots" (1996), álbum mais vendido da banda. A ausência mais sentida foi a de canções do disco "Beneath the Remains" (1989), o primeiro lançado pela gravadora americana Roadrunner e que abriu as portas para as primeiras turnês internacionais.
O repertório revisitou quase todas as fases da banda. Pouco mais da metade foi dedicada ao período liderado pelo ex-vocalista Max Cavalera, com músicas dos discos "Morbid Visions" (1986), "Schizophrenia" (1987), e "Arise" (1991), além dos citados anteriormente. O restante passeou pela era Derrick Green, com faixas de "Against" (1998), "Nation" (2001), "Roorback" (2003), "Dante XXI" (2006), "Kairos" (2011), "Machine Messiah" (2017) e "Quadra" (2020).
Mesmo com alguns problemas relacionados ao som, especialmente o baixo volume dos microfones, o Sepultura dominou o público e fez uma apresentação digna de sua história, mostrando porque é uma das bandas mais respeitadas e longevas do gênero.
Ao se despedir, Derrick e Andreas não seguraram as lágrimas. O guitarrista ainda fez outro rápido agradecimento ao público belo-horizontino —mais especificamente à parcela alvinegra da cidade— ao exibir uma bandeira da Galo Metal, uma torcida organizada do Atlético formada por fãs do estilo.
No dia seguinte, a banda seguiu para Juiz de Fora (MG), onde repetiu o setlist para cerca de 3.000 pessoas.
A turnê segue para Brasília no próximo sábado (9) e ainda passará por Uberlândia, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis antes das primeiras apresentações internacionais, em países das Américas do Sul e Central.
O grupo volta ao Brasil para três shows em São Paulo, nos dias 6 a 8 de setembro, e depois seguirá a excursão pela Europa.
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