Sepultura anuncia seu fim com turnê de despedida que vai passar por 40 países

Maior banda de metal do país, que completa 40 anos em 2024, entrou para a história da música pesada com o disco 'Roots'

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São Paulo

O Sepultura, banda que definiu a cara da música pesada no Brasil e entrou para a história do heavy metal mundial com o álbum "Roots", anunciou a sua turnê de despedida nesta sexta-feira.

Serão 18 meses de shows em 40 países, a partir de março de 2024, ano em que a banda mineira completa 40 anos. A turnê chama "Celebrating Life Through Death", ou celebrando a vida através da morte.

A partir da esquerda, Eloy Casagrande, Andreas Kisser, Derrick Green e Paulo Xisto, do Sepultura - Bob Wolfenson/Divulgação

O primeiro show acontecerá dia 1º de março, em Belo Horizonte, e em seguida a banda se apresenta em outras cidades do Brasil antes de partir para o exterior. A venda de ingressos começa nesta segunda (11), ao meio-dia, no site da Eventim.

"Não é um momento triste. É de celebração. Não queria ver o Sepultura acabar por brigas ou rehab de drogas ou a gente ficar velho demais", disse Andreas Kisser, o guitarrista, em entrevista coletiva num hotel em São Paulo.

"O Ozzy Osbourne não consegue mais subir no palco, mas ele quer. Eu não queria fazer isso", acrescentou.

Surgido na década de 1980 em Belo Horizonte, o Sepultura lançou 15 discos e alcançou o estrelato com o álbum "Roots", de 1996, que inovou ao trazer para a música pesada a participação dos indígenas xavantes. "Roots" influenciou a sonoridade de várias outras bandas.

Aquela foi a época áurea do grupo, quando eles lotavam estádios pelo mundo. Apesar do sucesso estrondoso, o então vocalista Max Cavalera optou por deixar o Sepultura —a notícia foi um cataclisma na banda, gerando um antes e depois em termos de sonoridade e do número de fãs.

Com a entrada do vocalista Derrick Green, no final dos anos 1990, o Sepultura abraçou uma sonoridade mais limpa, com influências do hardcore, e deixou um pouco de lado sua veia suja do thrash metal, sem contudo perder o peso das músicas.

O número de fãs diminuiu e a banda passou a tocar em lugares menores, mas ainda assim teve uma prolífica carreira de dez discos com Green nos vocais, fez várias turnês pelo mundo e compôs duas faixas amadas pelos metaleiros, "Sepulnation" e "Kairos".

Na turnê de despedida, o grupo vai gravar 40 músicas em 40 shows em cidades diferentes e, ao final, lançar um disco com as faixas. Durante o processo, as gravações serão disponibilizadas digitalmente em blocos de dez.

Segundo Kisser, o guitarrista, não haverá um novo disco de inéditas e não há faixas do Sepultura não lançadas. O último álbum do grupo, "Quadra", saiu no início de 2020.

Kisser conta que a ideia do término partiu dele, há cerca de dois anos, e portanto a decisão foi bastante discutida pelos quatro membros da banda. Outro fator que influenciou no fim do grupo, ele afirma, foi a morte recente de sua mulher, de câncer, o que lhe fez passar a respeitar a finitude.

Nesta semana, quando a banda postou no Instagram uma foto com o aviso de que haveria novidades, muita gente achou que se tratava de uma reunião de sua formação clássica, com Max nos vocais e seu irmão Iggor na bateria, um desejo antigo dos fãs. Mas a ideia de tocar de novo com os irmãos Cavalera jamais foi cogitada, afirma Kisser.

Segundo o músico, o legado do Sepultura é mostrar para outros grupos de metal da América Latina que é possível conseguir sucesso mundial mesmo com muitas dificuldades. "A gente sempre fez tudo sozinho. Comprar equipamento sempre foi uma desgraça", afirma, em relação aos primeiros anos da banda.

Quando o Sepultura começou a se apresentar no exterior, no ciclo de divulgação do álbum "Beneath the Remains", no final dos anos 1980, Kisser conta que a língua era uma barreira.

"Na primeira turnê com o [grupo de thrash metal] Sodom eles davam os recados do dia em alemão. E a gente ‘o que que o cara tá falando, veio?’ A gente teve que se virar." Foram dois meses na Europa e dois nos EUA viajando numa van e sem equipe.

Apesar de seu histórico de grande sucesso, a banda não se coloca no pedestal e sempre teve uma relação muito próxima com os fãs. "O Sepultura é uma banda de tocar ao vivo", afirma Eloy Casagrande, o baterista.

Como principal grupo de música pesada do Brasil, Kisser não escolhe sucessores, mas se diz orgulhoso do metal nacional hoje, e cita Krisiun, Crypta, Nervosa e Nervochaos como representantes de alta qualidade.

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