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25/10/2010 - 01h25

Em silêncio, mais de 12 mil pessoas recebem "Metrópolis" no Ibirapuera

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ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO

O prólogo à exibição de "Metrópolis" (1927) no Parque do Ibirapuera, na noite de ontem, foi quase tão impressionante quanto a sessão a céu aberto promovida pela 34ª Mostra Internacional de Cinema e pelo Auditório Ibirapuera.

Quem estava sentado na grama, tomado pelas imagens de Fritz Lang (1890-1976) e pela orquestra regida ao vivo, não podia supor que tantos outros milhares de olhos e ouvidos estavam ali também.

Não podia supor que, depois de mais de três horas de sessão, com um frio que o descampado tornava maior, pelo menos 12 mil pessoas sairiam caminhando pelas avenidas que torneiam o parque.

Eram 11 e meia da noite de ontem quando os espectadores se descobriram milhares e deram seu próprio fecho a "Metrópolis".

São Paulo, cidade que como a cidade de Lang fora enrijecida pela velocidade, pelas máquinas e pelos relógios vivia, de repente, o seu tempo da delicadeza.

Silvia Zamboni/Folhapress
Apresentação do filme "Metropolis", de Fritz Lang, no Auditório Ibirapuera
Apresentação do filme "Metropolis", de Fritz Lang, no Auditório Ibirapuera

VERSÃO INÉDITA

A versão de "Metrópolis" que São Paulo recebeu traz 25 minutos inéditos desse clássico do cinema mudo. Os rolos perdidos foram encontrados em Buenos Aires.

Depois de recuperada, a cópia foi exibida no Portão de Brandemburgo, durante o Festival de Berlim, em fevereiro deste ano. Esta é sua primeira exibição na América Latina.

A projeção foi feita na parede de trás do Auditório Ibirapuera. Sob a tela, os 82 músicos da Orquestra Jazz Sinfônica executaram a música original do filme, composta pelo alemão Gottfried Huppertz, no tempo em que a técnica não permitia que os personagens falassem.

E é absolutamente única a experiência de ouvir a trilha sonora moldar, ao vivo, cada uma das cenas de um filme.

Trata-se, na definição do maestro João Maurício Galindo, de uma "partitura gestual", que leva as notas a acompanharem o ritmo da ação.

Quando os trabalhadores correm pela tela, são corridos os compassos. Quando o relógio marca a vida regrada dos homens, a percussão potencializa a força da imagem.

Há, também, registros emocionais. Quando, após uma série de turbulências, os dois protagonistas se reencontram, é romântica a melodia. "Nessa cena, a música talvez emocione até mais do que aquilo que se vê", disse Galindo, em entrevista à Folha, antes do concerto.

EXPERIÊNCIA COLETIVA

Passados mais de 80 anos de sua primeira exibição, na Alemanha, "Metrópolis" chegou a São Paulo, pela primeira vez, tal e qual imaginado por Lang -- completo e com a orquestração original.

Chegou sem uma ruga sequer. E a cidade, discretamente, prestou sua homenagem a esse filme de imagens inesquecíveis, definitivas.

Uns espectadores levaram mantas, uns levaram garrafas e taças de vinho, outros levaram seus cães.

Mas todos, em silêncio, viveram o cinema como arte, como experiência que, só se for coletiva, é completa de verdade.

 

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