Leia manifestos sobre cultura do cancelamento e liberdade de expressão

Jornalistas e acadêmicos criticam carta de escritores renomados contra 'clima de intolerância'

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[RESUMO] Duas cartas abertas, publicadas na última semana nos EUA, expõem pontos de vista opostos no atual debate sobre cultura do cancelamento, liberdade de expressão e silenciamento de grupos marginalizados nas artes, no jornalismo e no mercado editorial.

Em 7 de julho, mais de 150 artistas, escritores e intelectuais publicaram na Harper's Magazine uma carta aberta contra "o clima de intolerância que se instalou por todos os lados", ecoando as críticas à chamada cultura do cancelamento, conjunto de táticas de boicote e exposição pública a pessoas e organizações que expressam posições considerados inapropriadas.

Entre os signatários de "Uma carta sobre justiça e debate aberto" estão o linguista Noam Chomsky, os escritores J.K. Rowling, Salman Rushdie, Andrew Solomon e Margaret Atwood, a ativista feminista Gloria Steinem, o trompetista Wynton Marsalis e o cientista político Yascha Mounk, colunista da Folha.

Em resposta ao manifesto, um grupo de escritores, jornalistas e pesquisadores lançou outra carta três dias depois, acusando o primeiro texto de ignorar a realidade de minorias, como pessoas negras e LGBTQ+, nas artes, no jornalismo e no mercado editorial.

"Sua carta procura sustentar um 'ambiente sufocante' e prioriza a divulgação em alto e bom tom do desconforto deles diante de críticas válidas. A liberdade intelectual de intelectuais cis brancos nunca esteve ameaçada em larga escala, especialmente quando comparada a como os escritores de grupos marginalizados são tratados há gerações", escrevem em "Uma carta mais específica sobre justiça e debate aberto".

Leia, abaixo, a íntegra dos dois manifestos.

Uma carta sobre justiça e debate aberto

7 de julho de 2020

Nossas instituições culturais enfrentam um momento de julgamento. Protestos poderosos por justiça racial e social estão levando a reivindicações há muito tempo devidas por reforma da polícia, ao lado de chamados mais amplos por igualdade e inclusão maiores em toda a nossa sociedade, especialmente no ensino superior, no jornalismo, na filantropia e nas artes. Porém, essa necessária prestação de contas também intensificou um novo conjunto de atitudes morais e engajamentos políticos que tendem a enfraquecer nossas normas de debate aberto e tolerância de diferenças, em favor da conformidade ideológica. Aplaudimos o primeiro acontecimento, mas levantamos nossas vozes contra o segundo. As forças do iliberalismo vêm ganhando espaço em todo o mundo e contam com um aliado poderoso em Donald Trump, que representa uma ameaça real à democracia. Contudo, não se deve permitir que a resistência endureça, tornando-se um tipo próprio de dogma ou coerção —algo que demagogos de direita já vêm explorando. A inclusão democrática que buscamos só pode ser alcançada se nos manifestarmos contra o clima de intolerância que se instalou por todos os lados.

O livre intercâmbio de informação e ideias, força vital que alimenta uma sociedade liberal, está sendo mais restrito a cada dia que passa. Já nos acostumamos a esperar isso por parte da direita radical, mas a atitude censuradora também está se disseminando mais amplamente em nossa cultura: uma intolerância a visões opostas, uma propensão a humilhar pessoas publicamente e submetê-las ao ostracismo, a tendência a dissolver questões políticas complexas em uma certeza moral ofuscante. Defendemos o valor do discurso contrário robusto e até cáustico vindo de todos os lados. Hoje, porém, é lamentavelmente comum ouvir chamados por represálias imediatas e severas em resposta a discursos e pensamentos interpretados como transgressivos. Ainda mais perturbador é o fato de, em um esforço desesperado para controlar os danos, líderes institucionais andarem impondo castigos apressados e desproporcionais em lugar de reformas bem pensadas. Editores são demitidos por publicar artigos controversos; livros são tirados de circulação por suposta inautenticidade; jornalistas são impedidos de escrever sobre certos temas; professores universitários são investigados por citar obras de literatura em sala de aula; um pesquisador é demitido por circular um estudo acadêmico revisto por pares; e diretores de organizações são afastados por iniciativas que, em alguns casos, não passaram de equívocos imprudentes. Sejam quais forem os argumentos apresentados em torno de cada incidente em particular, o resultado vem sendo o estreitamento constante dos limites do que pode ser dito sem ameaças de represalia. Já estamos pagando o preço por isso em termos de maior aversão a riscos da parte de escritores, artistas e jornalistas que temem por seus meios de subsistência se se distanciarem do consenso geral ou até mesmo demonstrarem zelo insuficiente em concordar com ele.

Esse ambiente sufocante vai acabar, em última análise, prejudicando as causas mais cruciais de nossos tempos. A imposição de restrições ao debate, quer seja por um governo repressor ou uma sociedade intolerante, invariavelmente prejudica aqueles que não têm poder e torna todos menos capazes de participação democrática. O melhor modo de derrotar más ideias é pela exposição das ideias, a discussão e a persuasão, não por tentativas de silenciá-las ou simplesmente desejar que não existissem. Rejeitamos qualquer escolha falsa entre justiça e liberdade, que não podem existir em separado. Como escritores, precisamos de uma cultura que nos deixe espaço para experimentação, riscos e até erros. Precisamos preservar a possibilidade de divergências de boa-fé sem consequências profissionais graves. Se não defendermos a própria coisa da qual nosso trabalho depende, não devemos esperar que o público ou o Estado a defendam por nós.

Elliot Ackerman
Saladin Ambar, Universidade Rutgers
Martin Amis
Anne Applebaum
Marie Arana, escritora
Margaret Atwood
John Banville
Mia Bay, historiadora
Louis Begley, escritor
Roger Berkowitz, Bard College
Paul Berman, escritor
Sheri Berman, Barnard College
Reginald Dwayne Betts, poeta
Neil Blair, agente
David W. Blight, Universidade Yale
Jennifer Finney Boylan, autora
David Bromwich
David Brooks, colunista
Ian Buruma, Bard College
Lea Carpenter
Noam Chomsky, MIT (emérito)
Nicholas A. Christakis, Universidade Yale
Roger Cohen, escritor
Embaixadora Frances D. Cook, aposentada
Drucilla Cornell, fundadora, uBuntu Project
Kamel Daoud
Meghan Daum, escritora
Gerald Early, Universidade Washington-St. Louis
Jeffrey Eugenides, escritor
Dexter Filkins
Federico Finchelstein, The New School
Caitlin Flanagan
Richard T. Ford, Stanford Law School
Kmele Foster
David Frum, jornalista
Francis Fukuyama, Universidade Stanford
Atul Gawande, Universidade Harvard
Todd Gitlin, Universidade Columbia
Kim Ghattas
Malcolm Gladwell
Michelle Goldberg, colunista
Rebecca Goldstein, escritora
Anthony Grafton, Universidade Princeton
David Greenberg, Universidade Rutgers
Linda Greenhouse
Rinne B. Groff, dramaturga
Sarah Haider, ativista
Jonathan Haidt, NYU-Stern
Roya Hakakian, escritora
Shadi Hamid, Brookings Institution
Jeet Heer, The Nation
Katie Herzog, apresentadora de podcast
Susannah Heschel, Dartmouth College
Adam Hochschild, autor
Arlie Russell Hochschild, autor
Eva Hoffman, escritora
Coleman Hughes, escritor/Instituto Manhattan
Hussein Ibish, Instituto dos Países do Golfo Árabe
Michael Ignatieff
Zaid Jilani, jornalista
Bill T. Jones, New York Live Arts
Wendy Kaminer, escritora
Matthew Karp, Universidade Princeton
Garry Kasparov, Renew Democracy Initiative
Daniel Kehlmann, escritor
Randall Kennedy
Khaled Khalifa, escritor
Parag Khanna, autor
Laura Kipnis, Universidade Northwestern
Frances Kissling, Center for Health, Ethics, Social Policy
Enrique Krauze, historiador
Anthony Kronman, Universidade Yale
Joy Ladin, Universidade Yeshiva
Nicholas Lemann, Universidade Columbia
Mark Lilla, Universidade Columbia
Susie Linfield, Universidade de Nova York
Damon Linker, escritor
Dahlia Lithwick, Slate
Steven Lukes, Universidade de Nova York
John R. MacArthur, publisher, escritor
Susan Madrak, escritora
Phoebe Maltz Bovy, escritora
Greil Marcus
Wynton Marsalis, Jazz at Lincoln Center
Kati Marton, autora
Debra Mashek, acadêmica
Deirdre McCloskey, Universidade de Illinois em Chicago
John McWhorter, Universidade Columbia
Uday Mehta, City University of New York
Andrew Moravcsik, Universidade Princeton
Yascha Mounk, Persuasion
Samuel Moyn, Universidade Yale
Meera Nanda, escritora e professora
Cary Nelson, Universidade de Illinois em Urbana-Champaign
Olivia Nuzzi, New York Magazine
Mark Oppenheimer, Universidade Yale
Dael Orlandersmith, escritora/performer
George Packer
Nell Irvin Painter, Universidade Princeton (emérita)
Greg Pardlo, Universidade Rutgers – Camden
Orlando Patterson, Universidade Harvard
Steven Pinker, Universidade Harvard
Letty Cottin Pogrebin
Katha Pollitt, escritora
Claire Bond Potter, The New School
Taufiq Rahim
Zia Haider Rahman, escritor
Jennifer Ratner-Rosenhagen, Universidade de Wisconsin
Jonathan Rauch, Brookings Institution/The Atlantic
Neil Roberts, teórico político
Melvin Rogers, Universidade Brown
Kat Rosenfield, escritora
Loretta J. Ross, Smith College
J.K. Rowling
Salman Rushdie, Universidade de Nova York
Karim Sadjadpour, Carnegie Endowment
Daryl Michael Scott, Universidade Howard
Diana Senechal, professora e escritora
Jennifer Senior, colunista
Judith Shulevitz, escritora
Jesse Singal, jornalista
Anne-Marie Slaughter
Andrew Solomon, escritor
Deborah Solomon, crítica e biógrafa
Allison Stanger, Middlebury College
Paul Starr, American Prospect/Universidade Princeton
Wendell Steavenson, escritor
Gloria Steinem, escritora e ativista
Nadine Strossen, New York Law School
Ronald S. Sullivan Jr., Harvard Law School
Kian Tajbakhsh, Universidade Columbia
Zephyr Teachout, Universidade Fordham
Cynthia Tucker, Universidade do Sul do Alabama
Adaner Usmani, Universidade Harvard
Chloe Valdary
Helen Vendler, Universidade Harvard
Judy B. Walzer
Michael Walzer
Eric K. Washington, historiador
Caroline Weber, historiadora
Randi Weingarten, Federação Americana de Professores
Bari Weiss
Sean Wilentz, Universidade Princeton
Garry Wills
Thomas Chatterton Williams, escritor
Robert F. Worth, jornalista e autor
Molly Worthen, Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill
Matthew Yglesias
Emily Yoffe, jornalista
Cathy Young, jornalista
Fareed Zakaria

As instituições são mencionadas apenas para fins de identificação.

Uma carta mais específica sobre justiça e debate aberto

10 de julho de 2020

Na terça-feira, 153 jornalistas, autores e escritores destacados, incluindo J.K. Rowling, Malcolm Gladwell e David Brooks, publicaram na Harper’s Magazine uma carta aberta pedindo civilidade. Eles escrevem, nas páginas de uma revista renomada que tem a fama lamentável de ser contra a sindicalização de seus profissionais, não pagar seus estagiários e demitir editores por divergências editoriais com o publisher: “O livre intercâmbio de informação e ideias, força vital que alimenta uma sociedade liberal, está sendo mais restrito a cada dia que passa”.

Os signatários, muitos deles brancos, ricos e dotados de plataformas enormes, argumentam que têm medo de ser silenciados, que a chamada cultura do cancelamento está fora de controle e que eles temem por seus empregos e pelo livre intercâmbio de ideias, ao mesmo tempo que se manifestam em uma das revistas de maior prestígio do país.

A carta foi idealizada e proposta inicialmente por Thomas Chatterton Williams, escritor negro que acredita que “o racismo ao mesmo tempo persiste e é capaz de ser transcendido —especialmente ao nível interpessoal”. Desde que a carta foi publicada, alguns comentaristas vêm usando a presença de Williams e a de alguns outros escritores não brancos para argumentar que a carta apresenta uma seleção de vozes diversas. Porém, eles passam por cima do xis da questão: a ironia da carta aberta é que em nenhum lugar seus signatários mencionam como há gerações são silenciadas vozes marginalizadas no jornalismo, no mundo acadêmico e no setor editorial.

Alguns dos problemas que eles mencionam são reais e preocupantes: por exemplo, parecem estar fazendo referência a um pesquisador demitido por compartilhar um estudo no Twitter. Mas essas não são tendências, pelo menos não como os signatários sugerem. Na realidade, o argumento deles alude a exemplos específicos, mas não os apresenta claramente, enfraquecendo a própria causa que eles se propuseram a defender. Na realidade, pessoas negras, pardas e LGBTQ+ —especialmente pessoas negras e trans— hoje podem criticar elites publicamente e cobrá-las socialmente; parece ser essa a maior preocupação da carta. O que talvez seja ainda mais irritante para muitos dos signatários é que uma crítica às posições que eles defendem há muito tempo possa ser persuasiva.

O teor da carta tampouco trata do problema do poder: quem o possui e quem não. A Harper’s é uma instituição de prestígio, sustentada por dinheiro e influência. A Harper’s decidiu entregar sua plataforma não a pessoas marginalizadas, mas a pessoas que já têm grandes bases de seguidores e às quais não faltam oportunidades para fazer suas opiniões serem ouvidas. Ironicamente, essas pessoas influentes então utilizam essa plataforma para se queixar de estarem sendo silenciadas. Muitos dos signatários têm colegas de trabalho nas Redações de seus próprios veículos de comunicação que estão profundamente preocupados com a carta, alguns que se sentem à vontade em pôr a boca no trombone, outros não.

A carta pode ser lida como uma reação cáustica a um setor em processo de diversificação —um setor que está começando a desafiar normas institucionais que sempre protegeram a discriminação. Os autores da carta empregam conceitos sedutores, mas nebulosos, e linguagem codificada para obscurecer o significado real por trás de suas palavras, em algo que parece uma tentativa de controlar e desviar a discussão em curso sobre quem é que fica com uma plataforma. Eles recebem das mídias sociais o tipo de capital cultural que instituições como a Harper’s tradicionalmente conferiram principalmente a pessoas brancas e cisgênero. Suas palavras refletem uma resistência obstinada a abrir mão do elitismo que ainda permeia o setor da mídia, uma relutância em desmontar sistemas que mantêm pessoas como eles do lado de dentro e o restante de nós do lado de fora.

A carta da Harper’s cita seis exemplos não específicos para justificar o argumento dos signatários. É possível adivinhar a quais incidentes os signatários estão fazendo referência, e é provável que, se eles apresentassem exemplos específicos, a maioria dos exemplos não se sustentaria. No entanto, as instâncias que eles mencionam não fazem parte de nenhuma tendência nova, como explicamos a seguir.

1. Editores são demitidos por publicar artigos controversos?

Quando os signatários dizem que “editores são demitidos por publicar artigos controversos”, parecem estar argumentando que a demissão de James Bennet, ex-editor de Opinião do New York Times, foi um problema. Na realidade, Bennett se demitiu porque profissionais negros do jornal arriscaram seus empregos para apontar publicamente que Bennet havia aprovado um artigo de opinião que pedia o uso das Forças Armadas do país contra seus próprios cidadãos por exercerem seus direitos previstos na primeira emenda constitucional. Bennett primeiro defendeu o artigo em questão, depois admitiu que não o havia lido antes de ser publicado. O próprio New York Times admitiu que o artigo não respeita seus próprios padrões editoriais, e o publisher do jornal disse em carta à Redação que o artigo foi emblemático de uma “deterioração significativa” no processo editorial. Os signatários da carta parecem estar sugerindo que todos os pontos de vista devem ser publicados nas páginas de opinião, sem limites sobre esses pontos de vista. Eles nunca nos dizem por que as páginas de opinião, como as do New York Times, não devem publicar artigos de opinião de terraplanistas ou textos contendo chamados explícitos por violência. A resposta é simples: os jornais têm critérios editoriais e definem o tom do que é publicado em suas páginas de opinião. O New York Times optou por pedir e divulgar a visão de um senador, e houve uma reação negativa posterior, algo semelhante ao que está acontecendo em relação à carta publicada pela Harper’s —pessoas destacadas com plataformas enormes queixando-se de não terem espaço suficiente para compartilhar suas opiniões. Muitos editores negros, pardos e trans não desfrutam do mesmo poder que editores brancos, porque a maioria das Redações é comandada por uma força de trabalho sobretudo branca e masculina.

2. Livros são tirados de circulação por suposta inautenticidade?

Os signatários alegam que “livros são tirados de circulação por suposta inautenticidade”. Pode ser uma referência a “American Dirt”, livro de Jeanine Cummins —mulher branca e não mexicana que começou recentemente a identificar-se como porto-riquenha— sobre um livreiro mexicano. O livro foi redondamente criticado por escritores latin@s, publicad@s ou não, como Myriam Gurba e Esmeralda Bermudez. Foi destacado pelo Clube do Livro de Oprah, apesar de jornalistas latin@s como Bermudez terem dito que a história está muito distante das experiências de imigrantes na vida real. Também pode ser uma alusão a “Apropos of Nothing”, livro de Woody Allen que foi abandonado pela Hachette, uma grande editora, depois de funcionários terem protestado devido ao histórico de alegações de agressão sexual feitas contra Allen. “Apropos of Nothing” foi publicado mais tarde por outra editora.

Manuscritos de livros de autores não brancos não se beneficiam da mesma leniência. Uma hashtag recente no Twitter destacou que, mesmo quando autores negros e pardos assinam contratos para a publicação de seus livros, os valores que recebem não chegam perto do que é pago a seus colegas brancos. Além disso, os dez principais livros para o público adulto jovem proibidos ou censurados em 2019 são obras cujos protagonistas são pessoas trans, como destacou a jornalista Katelyn Burns. Rainbow Rowell, que escreveu um livro amplamente desancado por críticos literários asiático-americanos por seu retrato equivocado da cultura coreana, agora está tendo esse livro adaptado para o cinema —por um diretor japonês.

3. Jornalistas são impedidos de escrever sobre certos temas?

Os signatários afirmam que “jornalistas são impedidos de escrever sobre certos temas”. Talvez estejam falando de como, no mês passado, uma jornalista negra do Pittsburgh Post-Gazette foi avisada que não podia cobrir os protestos por ser enviesada, pelo fato de ter postado um tuíte sobre os protestos. Mas, se for esse o exemplo ao qual eles aludem, eles erraram completamente na interpretação da situação. A situação de Alexis Johnson não é singular, nem tampouco é um fenômeno novo uma escritora negra ser silenciada por seus editores. Jornalistas negros e pardos somos proibidos há décadas de escrever sobre determinados temas, devido à nossa suposta falta de objetividade.

4. Professores universitários são investigados por citar obras de literatura em sala de aula?

Os signatários dizem que “professores universitários são investigados por citar obras de literatura em sala de aula”. Pode ser uma referência a Laurie Scheck, professora da New School, que proferiu a “palavra N” quando citou um trabalho de James Baldwin em sala de aula. Ela, no entanto, continua empregada e tem aulas previstas para a primavera de 2021. Um incidente semelhante ocorreu com o professor de Princeton Lawrence Rosen, que Princeton defendeu. Ele acabou cancelando o curso, mas teve o respaldo de sua instituição. Professores universitários negros, pardos e trans são assediados por sites conservadores, ameaçados e já tiveram suas carreiras destruídas por terem falado abertamente do que eles próprios viveram ou por terem confrontado o racismo sistêmico.

5. Um pesquisador é demitido por circular um estudo acadêmico revisto por pares?

Os signatários alegam que um pesquisador “foi demitido por circular um estudo acadêmico revisto por pares”. Deve ser uma referência a David Shor, que postou no Twitter o resumo de um artigo acadêmico do professor Omar Wasow e então foi demitido de seu trabalho na Civis Analytics, firma de pesquisas apartidária e sem fins lucrativos. É muito possível que Shor tenha sido demitido por ter postado o estudo. Os fatos da situação não estão claros, e a firma disse que não comentará questões ligadas a seu pessoal. Se Shor foi demitido simplesmente por postar um artigo acadêmico, isso é indefensável e constitui uma anomalia.

6. Diretores de organizações são afastados por iniciativas que em alguns casos não passaram de equívocos imprudentes?

Os signatários alegam que “diretores de organizações são afastados por iniciativas que em alguns casos não passaram de equívocos imprudentes”. Isso é tão vago que parece difícil apontar um exemplo específico, se bem que, na cobertura feita pelo New York Times da carta publicada pela Harper’s, Williams cite pedidos de demissão no National Books Critics Circle e na Poetry Foundation. O presidente e diretor do conselho da Poetry Foundation se demitiu depois de poetas negros proeminentes terem criticado a declaração recente de quatro sentenças publicada pela fundação sobre o movimento Black Lives Matter. Os poetas escreveram que a organização havia se omitido, deixando de dar apoio tangível a comunidades marginalizadas. O conselho de direção do National Book Critics Circle não foi afastado, mas pediu demissão depois de um ex-presidente do conselho ter feito a sugestão racista de que já viu “muito mais casos de pessoas brancas ajudando escritores negros que de pessoas negras ajudando escritores brancos”.

A alegação também pode ser referente ao editor-chefe da Bon Appétit, Adam Rapoport, que foi pressionado a se demitir depois de uma jornalista ter compartilhado uma foto de Rapoport de "brownface" —usando fantasia racista de porto-riquenho no Halloween— e acusações de que ele teria criado uma cultura de trabalho tóxica ao pagar menos a funcionários negros, indígenas e outros não brancos. Também pode ser uma alusão ao pedido de demissão do diretor-presidente da CrossFit ou de vários CEOs de empresas de moda e estilo de vida depois de enfrentar acusações de racismo em seus locais de trabalho. A vagueza da carta confere proteção contra críticas especialmente nesta seção. Leia aqui uma lista específica de exemplos. Nenhum dos diretores-presidentes que se demitiram cometeu “equívocos imprudentes”; muitos deles tiveram participação profunda na criação de ambientes de trabalho racistas e exploradores que apenas agora estão sendo denunciados, depois de esses diretores-presidentes terem sido bem pagos e aclamados durante anos.

Não apenas não há evidência significativa de censura inapropriada que vincule esses casos como não está claro para quais exemplos os autores da carta, alguns dos quais são vistos como escritores icônicos, estão apontando para fundamentar seus argumentos. Exatamente como escreveu recentemente Osita Nwanevu na New Republic: “Histórias e anedotas virais que pessoas focadas nas histórias mais importantes da atualidade poderiam considerar periféricas são, para [Bari] Weiss e seus pares ideológicos, as crises centrais da política contemporânea".

O que os signatários descrevem são coisas que aconteceram com jornalistas, acadêmicos e escritores marginalizados por seus respectivos setores há anos —só que não das maneiras que os signatários querem destacar. O problema que eles descrevem é de modo geral raro para escritores privilegiados, mas é uma constante para as vozes mais frequentemente não ouvidas. Quando escritores brancos e pardos são contratados por institutos de mídia eminentes, acordos de não divulgação e políticas de mídia social são usados para impedi-los de falar sobre experiências de trabalho tóxicas.

A carta não menciona nada disso.

A carta da Harper’s alude aos acontecimentos das últimas semanas, mas ela não existe em um vácuo. Ela é ativamente informada pelas ações de seus autores, muitos dos quais têm defendido o livre mercado de ideias, mas garantido ativamente que esse mercado seja livre apenas para eles. É irônico que a carta dê espaço altamente disputado a algumas das pessoas mais bem pagas e visíveis na mídia, academia e mundo editorial. São as mesmas pessoas que possuem o dinheiro e o prestígio necessários para ter suas ideias compartilhadas em praticamente qualquer publicação, veículo ou periódico de elite. Sempre haverá um lugar onde eles poderão se fazer ouvir. Alguns deles chegaram a lançar mais uma publicação na semana passada. A maioria dos escritores e jornalistas de origens historicamente excluídas do setor não está na mesma posição.

Reconhecemos que alguns poucos dos signatários da carta da Harper’s têm defendido questões que nos preocupam, e é em parte essa a razão de nossa mágoa e consternação. No entanto, todos que firmaram a carta reforçaram as ações e crenças de seus signatários mais célebres, alguns dos quais têm feito questão de assediar escritores trans ou fazer críticas pedantes a escritores negros.

De fato, vários dos signatários têm feito questão de punir pessoas que se manifestaram contra eles, incluindo, para citar apenas alguns, Bari Weiss (que ficou conhecida como estudante da Universidade Columbia ao assediar e infringir o discurso de professores que considerava serem anti-Israel e mais tarde tentou pressionar vários veículos de mídia a demitir a jornalista freelancer Erin Biba por seus tuites); Katha Pollitt (cujo discurso transfóbico incluiu tentar negar a jornalistas trans o acesso a ferramentas de networking profissionais); Emily Yoffe (que se manifestou contra a ideia de vítimas de agressão sexual expressarem seu direito de livre expressão), Anne-Marie Slaughter (que encerrou a parceria de sua organização, financiada pelo Google, com um crítico do Google) e Cary Nelson (cujo apoio à liberdade de expressão aparentemente não se estende a todos). O que dá a eles o direito de usar suas plataformas para silenciar outros, especialmente escritores com plataformas menores e muito menos apoio institucional, ao mesmo tempo em que pregam que silenciar escritores é um problema?

Rowling, uma das signatárias, vem jorrando discurso transfóbico e transmisógino, zombando da ideia de que possam existir homens trans e comparando a assistência médica relacionada à transição, como terapia de reposição hormonal, à terapia de conversão. Ela interage diretamente com fãs no Twitter, publica cartas repletas de retórica transfóbica e abre uma plataforma formada por seus 14 milhões de seguidores a oradores anti-trans violentos, sem sofrer as consequências.

Jesse Singal, outro signatário, é um homem cis tristemente célebre por ter impulsionado sua carreira escrevendo textos depreciativos sobre questões trans. Em 2018, Singal publicou um artigo que foi capa da revista The Atlantic, em que expressou ceticismo quanto aos benefícios dos cuidados afirmativos de gênero para jovens trans. Nenhum escritor trans foi beneficiado com o mesmo espaço. Singal frequentemente enfrenta e rejeita críticas de pessoas trans, mas possui uma plataforma muito maior que a de qualquer jornalista trans. De fato, reportagem da Jezebel publicada em 2018 divulgou que Singal fazia parte de uma lista fechada do Google de mais de 400 figuras de elite da mídia esquerdista que elogiavam seu trabalho, sendo que não havia uma única pessoa trans assumida no grupo. Singal também tem um histórico de antagonismo com jornalistas, acadêmicos e outros escritores trans, dedicando muitos posts no Medium a uma tentativa de refutar ou desacreditar suas afirmações e reputações.

Também fica claro que os organizadores da carta não se comunicaram clara e honestamente com todos os signatários. Um professor convidado, que não assinou a carta da Harper’s, disse que foi chamado a assinar uma carta “defendendo esforços mais ousados e significativos de inclusão racial e de gênero no jornalismo, na academia e nas artes”. A carta, em sua forma final, não sustenta esse argumento em lugar nenhum. Outra signatária, a escritora e professora universitária Jennifer Finney Boylan, que é também uma mulher trans, disse no Twitter que não soube quem mais havia assinado a carta até vê-la publicada. Ainda outra, Lucia Martinez Valdivia, disse em um post no Medium: “Quando pedi para saber quem eram os outros signatários, os nomes que me mostraram foram os de pessoas não brancas de todo o espectro político, não os de pessoas que assumiram posições críticas de gênero ou excludentes de pessoas trans”.

Sob a aparência de liberdade de expressão e do livre intercâmbio de ideias, a carta parece estar pedindo liberdade irrestrita para os signatários defenderem seus pontos de vista, livres de consequências ou críticas. O número de veículos que existe é limitado, e, embora esses indivíduos possam escrever nesses veículos, eles não têm intenção alguma de compartilhar esse espaço ou reconhecer o papel que exercem em perpetuar uma cultura de medo e silêncio entre escritores que, em sua maioria, não se parecem com a maioria dos signatários. Quando eles exigem debates, é em seus termos e em seu território.

Os signatários pedem uma recusa a “qualquer opção falsa entre justiça e liberdade”. Parece na melhor das hipóteses obtuso e inapropriado, e, na pior delas, racista, mencionar os protestos em curso que pedem a reforma ou abolição da polícia e então passar a argumentar que são os signatários que estão “pagando o preço em termos de maior aversão a riscos”. É especialmente insultante que eles tenham escolhido o momento atual, um tempo marcado, como eles descrevem, por “protestos poderosos por justiça racial e social”, para subtrair da discussão pública sobre quem tem direito a uma plataforma.

É impossível enxergar como esses signatários podem estar contribuindo para “as causas mais cruciais dos nossos tempos” neste momento de amplo acerto de contas com sistemas sociais opressores. Sua carta procura sustentar um “ambiente sufocante” e prioriza a divulgação em alto e bom tom do desconforto deles diante de críticas válidas. A liberdade intelectual de intelectuais cis brancos nunca esteve ameaçada em larga escala, especialmente quando comparada a como os escritores de grupos marginalizados são tratados há gerações. De fato, eles nunca enfrentaram consequências sérias —apenas desconforto momentâneo.

Sobre esta carta

Esta carta foi um esforço de grupo lançado por jornalistas não brancos, com contribuições da comunidade jornalística, acadêmica e editorial mais ampla. Alguns poucos de nós organizamos o processo de redação, mas nosso papel foi o de facilitar a voz do grupo, não determinar o teor ou a direção. As contribuições foram vistas por todos os colaboradores e aceitas por consenso. Não há nenhuma ordem particular na lista de signatários, e nenhuma pessoa sozinha foi a principal responsável pelo trabalho de redigir a carta.

Muitos signatários nesta lista citaram sua filiação institucional, mas não seus nomes, temendo retaliação profissional. É um fato lamentável e parte da razão por que escrevemos a carta.

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Tradução de Clara Allain

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