Mudança na Defesa não afeta negócio com Boeing, diz presidente da Embraer

Executivo afirma que mercado quer decisão rápida sobre conversas entre companhias

Logo da Embraer na fábrica da empresa em São José dos Campos
Logo da Embraer na fábrica da empresa em São José dos Campos - REUTERS
Daniel Camargos
São José dos Campos

O presidente-executivo da Embraer, Paulo César de Souza e Silva, não acredita que a troca de comando do ministério da Defesa possa postergar a venda da empresa para o Boeing. 

Souza e Silva disse que ainda não foi procurado pelo novo ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, e aguarda um horário na agenda do ministro. As declarações foram feitas nesta quarta-feira (28) durante cerimônia para entrega de certificações do avião E190-E2

A concretização da negociação entre as empresas, anunciada em dezembro de 2017, depende do governo, pois quando a empresa foi privatizada, em 1994, foi garantido o poder de veto em questões societárias e de negócios da empresa ao governo federal por meio de uma ação especial —chamada de "golden share". 

A área da Defesa responde por 20% da receita líquida da Embraer e vários projetos estratégicos da Força Aérea estão baseados na unidade industrial da empresa. 

Questionado se caso a negociação dependesse apenas das empresas já teria sido efetivada Souza e Silva respondeu: "Talvez". 

"Para o mercado, é muito importante ter uma decisão rápida", afirmou o executivo. Ele destacou que as empresas ao negociarem uma frota com a Embraer fazem planos que duram cerca de 15 anos e, por isso, é importante que a decisão não demore. 

Inicialmente, a Boeing queria comprar toda a Embraer, um negócio avaliado em cerca de US$ 6 bilhões. Com a negativa do governo de ceder o controle nacional, foi feita uma oferta apenas pela parte de aviação regional. 

Souza e Silva explica que a saída de Raul Jungmann do ministério da Defesa para o ministério da Segurança Pública não altera o andamento do grupo de trabalho do governo. O executivo reconhece que Jungmann estava a frente das tratativas, mas espera que até o final deste semestre a negociação com a Boeing seja concluída. 

"Não acredito que pode atrasar. Existem várias áreas envolvidas e não é por causa de uma mudança. O importante é que existe um foco do governo de analisar e chegar a solução em breve", disse o executivo. 

Sobre a proposta do governo brasileiro para criar uma nova empresa, com 51% de controle da Boeing e 49% da Embraer, Souza e Silva disse que estão sendo estudadas várias alternativas, mas não confirmou essa proposta. 

Questionado pela Folha se o perfil nacionalista do general que ocupa o ministério da Defesa pode atrapalhar o negócio o executivo disse que não. "Tem que olhar que vai ajudar o Brasil com mais empregos e aumento das exportações", disse Souza e Silva. 

CERTIFICAÇÕES

O avião E190-E2 recebeu os certificados da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), da FAA (Federal Aviation Administration) e pela Agência Europeia para a Segurança da Aviação. A Wideroe, empresa Norueguesa, será a primeira a receber o novo avião, que começará a operar em abril. O avião tem capacidade para até 114 passageiros.

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