Salários atrasados no Rio ficam quase normalizados

Governo, contudo, não pagou juros sobre os valores postos em dia

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Servidores do Estado do Rio de Janeiro durante ato público em frente a ALERJ, em 08/11/2017, pela falta de pagamentos e dos salários atrasados no centro da cidade do Rio de Janeiro
Servidores do Estado do Rio de Janeiro durante ato público em frente a ALERJ, em 08/11/2017, pela falta de pagamentos e dos salários atrasados no centro da cidade do Rio de Janeiro - Vanessa Ataliba/Brazil Photo Press/Folhapress
Rio de Janeiro

Após quase dois anos de salários atrasados, os servidores do Rio de Janeiro estão com os pagamentos quase normalizados. Desde dezembro eles já recebem integralmente, mas a data de pagamento mudou: deixou de ser o quinto dia útil e passou a ser o décimo.

Um dos Estados mais impactados com a crise, o Rio foi autorizado no ano passado a obter um empréstimo de R$ 2,9 bilhões para pagar o funcionalismo, que tinha salários atrasados ou parcelados desde 2015.

Também foi quitado o 13º de 2016. O governo, contudo, não pagou juros sobre os valores postos em dia.

Servidores organizados em torno do Muspe (Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais) moveram ação na Justiça cobrando pelo menos 12% de juros sobre o 13º atrasado, equivalentes a 1% ao mês.

O abono natalino de 2017 foi liberado para aqueles que recebiam até R$ 3.400. Mas cerca de 130 mil servidores ainda não receberam.

A última vez que o governo tinha conseguido pagar toda a folha no dia prometido foi em outubro de 2016. Desde 2015, o pagamento é irregular. Os servidores não recebem o salário em dia e enfrentam toda a sorte de dificuldades financeiras para tocarem a vida com normalidade.

Aposentados, pensionistas e servidores da saúde, que estão entre os que recebem os menores salários, foram os mais atingidos.

SOLIDARIEDADE

Com uma aposentadoria líquida de R$ 680, a auxiliar de enfermagem aposentada Mariá Casa Nova, 67, diz não receber o suficiente para pagar aluguel, luz, telefone e remédios --do coração, para ela, e contra o Alzheimer, para o marido--, que são distribuídos gratuitamente na rede estadual, mas cuja falta se tornou rotina durante a crise.

Seu gasto fixo mensal é de R$ 922, diz a aposentada. Com a conta telefônica atrasada, seu celular está impedido de fazer chamadas. A renda familiar é complementada pela aposentadoria do marido e também com os bicos que passou a fazer.

Mariá vende comida na rua, em Niterói, região metropolitana do Rio, e contou com a solidariedade de amigos para tocar o dia a dia. Como seu caso se tornou conhecido, recebeu ajuda até de estranhos.

Um homem do interior de São Paulo quitou-lhe dois meses de aluguel. E um servidor do Corpo de Bombeiros comprou-lhe a ceia de Natal deste ano, com bacalhau, peru e azeite.

"Recebi muita ajuda de pessoas que eu nem conheço. Esse servidor bombeiro me liga todo mês perguntando se preciso de algo", diz.

Mesmo que sua aposentadoria já esteja em dia, as dificuldades permanecem porque ela ainda não conseguiu pagar as dívidas que contraiu durante a crise.

A situação dela é um retrato dos problemas vividos por servidores. Muitos entraram na crise já com dívidas de empréstimos consignados. "Tivemos relatos de pessoas que pela primeira vez estavam com nome sujo e sem conseguir pagar suas dívidas", diz.

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