As ações da estatal de saneamento Sabesp despencaram 8,62% nesta terça-feira (27) e lideraram as quedas da Bolsa brasileira, após a Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) propor reajuste tarifário considerado baixo pelos investidores.
Em nota técnica preliminar da segunda revisão tarifária, a Arsesp indicou um aumento de 4,77%, que seria implementado a partir de abril. A proposta foi submetida a consulta e ficará em audiência pública até 17 de abril.
O percentual desagradou e os investidores penalizaram as ações da companhia. Em nota enviada a clientes, analistas do BTG Pactual avaliam que a perspectiva de reajustes de tarifas elevados no futuro é baixa.
"O aumento menor que o esperado de tarifas reforça nossa visão de que, com as eleições estaduais se aproximando, altas nas tarifas acima da média são improváveis. No entanto, nós achamos que essas mesmas eleições poderiam ser um gatilho relevante para a Sabesp", diz.
No início do mês, a Arsesp chegou a sinalizar com a adoção de um uma espécie de gatilho que permitiria aumentar da tarifa de água da Sabesp em caso de queda significativa do consumo e de receita da estatal.
Depois, a agência voltou atrás, diante da repercussão negativa.
O dia foi ruim para a Bolsa brasileira, que acompanhou a piora nos mercados internacionais em meio à venda generalizada de ações de empresas de tecnologia.
O Ibovespa, das ações mais negociadas, recuou 1,5%, para 83.808 pontos.
A venda das ações ainda é reflexo da polêmica com o Facebook envolvendo a consultoria Cambridge Analytica por utilização indevida de dados de usuários.
As ações do Facebook caíram 4,9% nesta sessão. Os papéis da Alphabet, dona do Google, recuaram 4,57%. Os papéis do Twitter despencaram 12% após um relatório indicar que o papel é o "mais vulnerável" às regulações de privacidade dos usuários.
Com isso, o índice da Bolsa Nasdaq perdeu 2,93%. O Dow Jones recuou 1,43%, e o S&P 500 teve baixa de 1,73%.
O dólar subiu 0,8%, para R$ 3,332, no maior patamar desde 22 de dezembro do ano passado.
Em relatório, analistas do BNP Paribas associa a depreciação do real a condições de mercado nos Estados Unidos, especificamente a diferença entre a taxa interbancária Libor e o juro estabelecido pelo banco central americano.
"Nós trabalhamos com um cenário de estabilização no curto prazo", indica o banco no relatório.
Segundo os analistas, a relação entre dólar e real estaria 4,5% acima do valor justo no curto prazo. Modelo usado para medir o valor justo no longo prazo de moedas latino-americanas aponta a taxa de R$ 3 como a de equilíbrio.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.