EUA travam análise para Brasil ocupar vaga na OCDE

Governo Trump defende organização, hoje com 35 países, como um clube de ricos e apoia candidatura da Argentina 

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE
Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE, em Brasilia - Ueslei Marcelino/Reuters
Brasília

Nove meses após o pedido de entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), os EUA travam o início do processo de análise da solicitação dentro do organismo internacional.

A entidade lançou nesta quarta (28), em Brasília, amplo relatório com diagnósticos e soluções para os problemas da economia brasileira.

A adesão é valorizada pelo Brasil porque aumentaria a confiança internacional no país, ajudando até a reduzir o custo da dívida pública, segundo o presidente do BC, Ilan Goldfajn (leia abaixo).

Quando o pedido foi formalizado, em junho, a expectativa era que seria respondido em dois meses e que, então, o processo de análise começaria. Até agora, nenhuma resposta foi dada, já que os americanos se posicionaram contra. O país defende a entidade, hoje com 35 países-membros, como uma espécie de clube dos ricos. Ou seja, um grupo menor, sem muitas posições divergentes.

Segundo a Folha apurou, integrantes do governo brasileiro vão constantemente aos Estados Unidos para conversar com autoridades e empresas tentando ganhar apoio.

A avaliação, porém, é que a melhor chance é conseguir do presidente Donald Trump um apoio público à ideia, como fez o presidente argentino, Mauricio Macri, no ano passado.

Na disputa com o Brasil, a Argentina apresenta como trunfo suas credenciais reformistas. Tem cortejado os EUA oferecendo colaboração em diversas áreas, entre elas votações na ONU e medidas antiterrorismo.

Em sua visita aos EUA, em abril de 2017, Macri conseguiu de Trump a garantia de apoio ao pleito à OCDE. O vice-presidente americano, Mike Pence, reforçou a promessa.

Macri ainda teria outros aliados igualmente fortes. Em entrevista ao Clarín em janeiro, ele afirmou que o presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, haviam reafirmado o apoio ao ingresso da Argentina à OCDE.

Além do país vizinho, outras quatro nações pleiteiam a entrada: Peru, Bulgária, Croácia e Romênia.

LENTO

Em razão das reservas dos EUA, o processo de adesão, se aceito, pode levar cerca de três anos --a expectativa inicial era de dois anos.

O Brasil tem um defensor no secretário-geral da entidade, o mexicano Ángel Gurría.

Em entrevista nesta quarta, tanto Gurría quanto o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, relativizaram a demora no processo brasileiro.

"O Ángel tem sido um parceiro importante, um defensor incansável para esclarecer dúvidas e eliminar resistências", disse Meirelles.

Gurría lembrou que, por causa do tamanho do Brasil, a expectativa é que o tempo de análise seja maior. "O comitê de pesca da OCDE, por exemplo, deseja falar com o Peru e com o Chile, mas com o Brasil todos [os comitês da OCDE] desejam falar."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.