Procuradoria pede processo seletivo para escolha de presidente da Caixa 

Recomendação vem após Gilberto Occhi ser citado como beneficiário de propinas

O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, em Brasília
O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, em Brasília - Pedro Ladeira - 21.nov.2017/Folhapress
Fábio Fabrini
Brasília

A Procuradoria da República no Distrito Federal enviou ao presidente Michel Temer nesta terça-feira (27) pedido para que o próximo presidente da Caixa Econômica Federal seja escolhido por meio de “processo seletivo impessoal”.

 
A recomendação foi feita após o atual chefe da instituição, Gilberto Occhi, indicado ao cargo pelo PP,  ser citado na delação do corretor Lúcio Bolonha Funaro como beneficiário de propinas quando ocupava uma das vice-presidências do banco público. Ele nega irregularidades.

A atuação de Occhi como gestor da Caixa vem sendo apurada pela corregedoria do próprio banco e por meio de uma investigação independente, encomendada ao escritório de advocacia Pinheiro Neto. 

Os procuradores da República, integrantes da força-tarefa da operação Greenfield, requisitaram ao presidente da Caixa que entregue o relatório do escritório sobre suas próprias condutas.

Segundo fonte da Procuradoria, ouvida reservadamente pela Folha, o documento vem sendo solicitado desde o início do ano, mas a Caixa protela a entrega.

Além do presidente Temer, também receberam pedido para que a escolha do chefe da Caixa seja impessoal o Ministério da Fazenda, o Conselho Administrativo da Caixa e o próprio  Occhi.

Conforme a Procuradoria, o documento leva em consideração “a iminente saída de Occhi para ocupar a chefia de um ministério”.

Em dezembro, os investigadores no DF já haviam solicitado a saída de quatro vice-presidentes do banco, citados em investigações de corrupção. O pedido foi endossado pelo Banco Central, uma situação inédita, como revelou a Folha

O presidente Temer, que vinha resistindo à saída dos executivos, acabou determinando o afastamento temporário dos quatro após a intervenção do BC. Dias depois, o Conselho de Administração da Caixa dispensou definitivamente três dos quatro ex-dirigentes.

O documento enviado agora ao Planalto e aos demais órgãos sugere a contratação de serviço de recrutamento para que, com isso, seja formada uma lista quíntupla. A partir dela, o presidente da República escolheria o chefe da Caixa.

“As medidas ora propostas visam melhorar a governança da Caixa, com adoção de boas práticas administrativas à altura da instituição”, explicou o procurador da República Frederico Siqueira, um dos integrantes da força-tarefa que assina os expedientes, de acordo com comunicado divulgado pela Procuradoria.

Procurada, por meio de sua assessoria de imprensa, a Caixa ainda não se pronunciou.

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