Descrição de chapéu Abilio Diniz Pedro Parente

Abilio Diniz afirma que houve 'final feliz' com sua saída da BRF

Acionistas confirmaram Pedro Parente na presidência do conselho da companhia

Retrato do empresário Abilio Diniz apoiando o queixo com a mão direita
O empresário Abilio Diniz, que deixa a chefia do conselho da BRF após conflito com outros sócios da companhia - Reuters
Joana Cunha
São Paulo

Após cinco anos à frente conselho da BRF, o empresário Abilio Diniz deixa o posto afirmando que houve um "final feliz" e que a mídia deu "muita ênfase à briga do Abilio com os fundos".

"O que aconteceu é uma coisa absolutamente normal de mercado, em companhias de capital aberto. O Brasil não está acostumado a conviver com ativismo. Não foi nada de extraordinário. Não é comum, mas é normal e é coisa que pode acontecer", disse ele, em conversa com jornalistas nesta sexta-feira (27). 

Segundo ele, as recentes mudanças que aconteceram na companhia poderiam ter sido feitas com  "menos barulho e o mesmo resultado". 

No início deste mês, o empresário anunciou que deixaria a presidência do conselho da gigante de alimentos que resulta da fusão de Sadia e Perdigão, cargo que ocupara por cerca de cinco anos. Na ocasião, ele chamou sua decisão de um "tratado de paz". Sua saída resulta de um longo conflito que vinha tendo com os outros sócios da empresa, as fundações Previ e Petros, em torno do comando da companhia.

Nesta quinta-feira (26), em Itajaí (SC), o novo conselho de administração da empresa foi eleito em uma assembleia conturbada, que se atrasou por muitas horas após questionamentos da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

 Pedro Parente, que também chefia a Petrobras, passa a ser o presidente do conselho, que vai escolher um novo presidente-executivo para a BRF, após a saída do executivo José Aurélio Drummond, que havia sido escolhido com o apoio de Abilio Diniz. 

A votação marca um desfecho no conflito sobre o comando da BRF, mas começa agora outra fase difícil para a reorganização da empresa. 

Não será tarefa fácil recolocar a empresa nos eixos. Além da disputa entre os acionistas, a BRF padece de outros males, como o prejuízo bilionário registrado no ano passado e os golpes da operação Carne Fraca. A empresa chegou a ter um alto executivo preso temporariamente, o ex-presidente Pedro Faria, em meio a suspeitas de ocultação de fraudes de amostras laboratoriais. 

As dificuldades foram mencionadas por Abilio em sua entrevista de saída. "As duas operações Carne Fraca foram muito pesadas para nós em virtude do fechamento dos mercados externos. Agora, a empresa está preparada para crescer e tem que crescer. Eu espero que o Pedro leve essa companhia para o crescimento." 

Questionado se irá participar de alguma forma da escolha do nome do novo presidente, Abilio disse ser "evidente" que não vai participar de nada, mas pode opinar se for chamado. "Nenhum conselheiro individualmente deve ter poder. Nem o chairman [presidente do colegiado]. O poder vem do coletivo", disse. 

O empresário deixou em aberto quais são os planos para a participação da BRF na Península, a empresa de investimentos de sua família. "A BRF representava 7% da Península. Não é muito. Dizer que a Península saiu da BRF, se é que vai sair... Não sabemos o que vamos fazer com o nosso stake [a participação]. Somos investidores de longo prazo. Não importa se eu estava no conselho. Enquanto a empresa estiver apontando para valorização, interessa para a Península. Não pretendemos sair. Os gestores da Península vão decidir. A Península é uma casa de gestão. Vamos encontrar alguma coisa que a gente possa fazer com alegria e satisfação." 

Mais tarde, ainda nesta sexta, os presidentes da Petros, Walter Mendes, e da Previ, Gueitiro Genso, também concederam entrevista à imprensa. Mendes destacou que a entrevista foi feita em conjunto entre as duas fundações como um sinal de que ambos sempre estiveram "juntos em todos os eventos, desde o início".

"A grande razão de tomarmos a decisão de solicitar essa mudança no conselho foram os resultados da empresa. Do ponto de vista de acionistas, de investidores financeiros, que é o nosso caso, o que nos interessa é que a empresa tenha um bom desempenho e resultado. Isso não estava acontecendo", disse  Mendes.

Gueitiro completou que o mercado reagiu bem no último dia 19, quando foi anunciado que haveria um acordo para a liderança de Pedro Parente como presidente do conselho. 

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