ANP reduz exigências de compras no Brasil para contratos antigos de petróleo

Governo alega que as petroleiras não têm condições de cumprir os compromissos

Sede da Petrobras no Rio de Janeiro - Ricardo Moraes / Reuters
Nicola Pamplona
Rio de Janeiro

A diretoria da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) aprovou nesta quarta (11) resolução que permite às petroleiras reduzir os compromissos de compras no país em contratos antigos do setor de petróleo. As empresas terão 120 dias para pedir a mudança nos contratos.

A redução das exigências de conteúdo nacional é justificada pela agência como medida para destravar investimentos no Brasil. Em 2016, o governo Michel Temer já havia cortado à metade os percentuais para novos contratos.

A resolução da ANP trata dos contratos referentes aos seis leilões de concessão realizados entre 2005 e 2015 e dos dois primeiros leilões do pré-sal, em 2013 e 2017. A ANP também abriu possibilidade de renegociação do conteúdo local dos blocos da cessão onerosa, concedidos à Petrobras no processo de capitalização em 2010.

Com a mudança, o compromisso de compras no Brasil passa a ser de 18% para a fase de exploração, 25% para construção de poços e 40% para equipamentos submarinos e plataformas, abaixo dos vigentes nos contratos mais antigos, que podiam chegar a 60% ou 70%, dependendo da rodada. 

O governo alega que as petroleiras não têm condições de cumprir os compromissos e que o problema estava gerando uma indústria de multas no setor. Até o segundo semestre de 2017, 30% dos contratos fiscalizados geraram penalidades pelo não cumprimento dos compromissos mínimos, no valor de R$ 568 milhões. 

No início de 2017, a Petrobras pediu à ANP para comprar no exterior uma plataforma para o campo de Libra, no pré-sal, alegando que os preços no Brasil eram bem superiores aos praticados no mercado internacional. A permissão foi concedida parcialmente.

Ao decidir pela mudança no contrato, a petroleira terá que abrir mão da cláusula que prevê perdão para o não cumprimento dos índices estabelecidos, conhecida como cláusula de "waiver".

As mudanças na política de conteúdo local são fonte de conflitos entre fabricantes brasileiros e petroleiras. Os setores de construção naval e de máquinas e equipamentos temem perder contratos com o relaxamento nos compromissos de compras no Brasil.

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