A China rejeitou a ideia de negociar com os EUA para aliviar as tensões comerciais e acusou Washington de iludir os mercados mundiais quanto ao estado da disputa.
O Ministério do Comércio chinês negou nesta sexta (6) que Washington e Pequim estejam conversando com o objetivo de prevenir uma guerra comercial. A negativa surgiu um dia depois de Larry Kudlow, o principal assessor econômico da Casa Branca, dar a entender que EUA e China estavam tentando encontrar uma solução, depois de ameaças mútuas de impor tarifas sobre US$ 100 bilhões em comércio bilateral.
"Já faz alguns meses que as autoridades fiscais e econômicas dos dois governos não negociam", disse Gao Feng, porta-voz do Ministério do Comércio chinês, em Pequim.
A pasta acusou a Casa Branca de iludir os mercados financeiros ao dar a entender que existem conversações em curso, declarando que "não é essa a verdadeira situação".
Kudlow admitiu nesta sexta que até o momento não houve negociação significativa com Pequim, ainda que tenha insistido em que isso continua a ser uma possibilidade.
"Elas [as negociações] ainda não começaram", disse à Bloomberg TV. "Mas podem acontecer negociações nos próximos dois meses. É o que eu espero. O presidente não quer desordenar a economia."
Os comentários chineses surgiram no fim de uma semana na qual a China respondeu à decisão de Trump de anunciar tarifas sobre US$ 50 bilhões em produtos chineses.
Depois que a China rebateu com ameaças de retaliação, Trump ameaçou elevar o montante de importações sujeitas a tarifas a US$ 150 bilhões.
Trump decidiu agir porque diz que Pequim vem forçando companhias americanas a transferir propriedade intelectual a empresas chinesas como condição para que possam fazer negócios na China --acusação que a China rejeita.
A tensão afetou nos mercados. Os comentários de Kudlow na quinta haviam ajudado a acalmar os investidores.
Trump sinalizou nesta sexta que levaria adiante as tarifas. "O mercado subiu 40%, 42%, por isso podemos perder um pouco dos ganhos. Mas no fim do processo teremos um país muito mais forte."
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.