Pedro Parente, da Petrobras, aceita ser presidente do conselho da BRF

Adversários e aliados aceitam proposta de Abilio; executivo seguirá à frente da petroleira

Raquel Landim Igor Gielow
São Paulo

A disputa pelo comando da BRF parece ter chegado ao fim. O presidente da Petrobras, Pedro Parente, aceitou substituir o empresário Abilio Diniz à frente da Conselho de Administração da líder do mercado de alimentos processados no Brasil.

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, que aceitou chefiar o conselho da BRF, fala em evento no Rio
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, que aceitou chefiar o conselho da BRF - Pilar Olivares - 28.fev.2018/Reuters

Ele teve seu nome indicado pelo próprio Abilio, buscando acordo para o impasse, e recebeu apoio tanto de aliados do empresário, como o fundo Tarpon, como de seus adversários, os fundos de pensão Petros (Petrobras) e Previ (Banco do Brasil).

 
Em nota, Parente, que permanece presidente da Petrobras, disse que se sua eleição for confirmada em assembleia de acionistas da BRF no dia 26, ele renunciará ao comando do Conselho de Administração da B3, que controla a Bolsa de São Paulo. Seu acordo na petroleira permite que ele ocupe apenas uma posição do tipo fora da Petrobras. 

O consenso de acionistas em torno de seu nome era a condição básica de Parente para aceitar acumular a Petrobras e a BRF, conforme a Folha apurou. O martelo deverá ser batido nesta quinta-feira (19) durante reunião do conselho. A notícia fez a ação da BRF subir 9,51% na Bolsa —foi a R$ 23, contra os R$ 70 que chegou a valer em 2015.

Com isso, o fundo britânico Aberdeen, que tem 5,02% da BRF, retirará seu pedido de voto múltiplo e uma chapa única será apresentada aos acionistas no dia 26. A montagem dessa chapa é o obstáculo para que o acordo prospere, já que há divergências entre acionistas, como a manutenção do presidente-executivo da BRF, o aliado de Abilio José Drummond.

O Aberdeen havia feito o pedido na semana passada, obrigando que todos os dez nomes do conselho fossem aprovados individualmente —o que deixaria o grupo de Abilio (só ele tem 3,92% da empresa, e o Tarpon tem 7,26%) com dois representantes no colegiado.

Petros e Previ (22% das ações da empresa) haviam pedido a substituição de Abilio devido ao prejuízo recorde de R$ 1,1 bilhão em 2017.

A empresa também enfrenta ameaça veto à venda de seu frango na Europa como decorrência da Operação Carne Fraca, por suposta manipulação de testes de salmonela. Nesta quinta, a União Europeia deverá decidir o escopo de seu embargo, já levantado na quarta no Brasil.

Além disso, houve problemas de gestão que levaram à saída do presidente-executivo da empresa, Pedro Faria, também no ano passado.

Os fundos haviam indicado para presidir o colegiado Augusto Cruz, presidente do conselho da BR Distribuidora. Já Abilio tentava emplacar o nome de Luiz Fernando Furlan, herdeiro da Sadia e um dos negociadores da fusão com a Perdigão que deu origem à BRF em 2009.

Sem conseguir fazer seu candidato e com o pedido de voto múltiplo do Aberdeen, que teve apoio dos fundos, Abilio voltou à carga e propôs o nome de Pedro Parente.

Os representantes dos fundos acabaram concordando, porque o executivo é muito bem avaliado pelo mercado, por ter conduzido a recuperação da imagem da Petrobras após a Operação Lava Jato.

Além disso, Parente tem influência óbvia sobre o Petros, o que azeitou a negociação. Resta saber o papel do Palácio do Planalto, que havia se mantido fora da crise apesar do apoio do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) a Abilio.

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