A disputa pelo comando da BRF parece ter chegado ao fim. O presidente da Petrobras, Pedro Parente, aceitou substituir o empresário Abilio Diniz à frente da Conselho de Administração da líder do mercado de alimentos processados no Brasil.
Ele teve seu nome indicado pelo próprio Abilio, buscando acordo para o impasse, e recebeu apoio tanto de aliados do empresário, como o fundo Tarpon, como de seus adversários, os fundos de pensão Petros (Petrobras) e Previ (Banco do Brasil).
O consenso de acionistas em torno de seu nome era a condição básica de Parente para aceitar acumular a Petrobras e a BRF, conforme a Folha apurou. O martelo deverá ser batido nesta quinta-feira (19) durante reunião do conselho. A notícia fez a ação da BRF subir 9,51% na Bolsa —foi a R$ 23, contra os R$ 70 que chegou a valer em 2015.
Com isso, o fundo britânico Aberdeen, que tem 5,02% da BRF, retirará seu pedido de voto múltiplo e uma chapa única será apresentada aos acionistas no dia 26. A montagem dessa chapa é o obstáculo para que o acordo prospere, já que há divergências entre acionistas, como a manutenção do presidente-executivo da BRF, o aliado de Abilio José Drummond.
O Aberdeen havia feito o pedido na semana passada, obrigando que todos os dez nomes do conselho fossem aprovados individualmente —o que deixaria o grupo de Abilio (só ele tem 3,92% da empresa, e o Tarpon tem 7,26%) com dois representantes no colegiado.
Petros e Previ (22% das ações da empresa) haviam pedido a substituição de Abilio devido ao prejuízo recorde de R$ 1,1 bilhão em 2017.
A empresa também enfrenta ameaça veto à venda de seu frango na Europa como decorrência da Operação Carne Fraca, por suposta manipulação de testes de salmonela. Nesta quinta, a União Europeia deverá decidir o escopo de seu embargo, já levantado na quarta no Brasil.
Além disso, houve problemas de gestão que levaram à saída do presidente-executivo da empresa, Pedro Faria, também no ano passado.
Os fundos haviam indicado para presidir o colegiado Augusto Cruz, presidente do conselho da BR Distribuidora. Já Abilio tentava emplacar o nome de Luiz Fernando Furlan, herdeiro da Sadia e um dos negociadores da fusão com a Perdigão que deu origem à BRF em 2009.
Sem conseguir fazer seu candidato e com o pedido de voto múltiplo do Aberdeen, que teve apoio dos fundos, Abilio voltou à carga e propôs o nome de Pedro Parente.
Os representantes dos fundos acabaram concordando, porque o executivo é muito bem avaliado pelo mercado, por ter conduzido a recuperação da imagem da Petrobras após a Operação Lava Jato.
Além disso, Parente tem influência óbvia sobre o Petros, o que azeitou a negociação. Resta saber o papel do Palácio do Planalto, que havia se mantido fora da crise apesar do apoio do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) a Abilio.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.