Descrição de chapéu juros Selic copom

BC discutiu corte na Selic, mas optou por 'melhor decisão possível', mostra ata

BC aponta que sabia que pegaria os agentes econômicos de surpresa com a manutenção da taxa

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, comanda reunião do Copom
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, comanda reunião do Copom - Alan Marques - 19.jul.2016/Folhapress
Brasília | Reuters

O Banco Central chegou a discutir reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) da semana passada em função da inflação baixa e recuperação econômica mais fraca, mas acabou optando pela manutenção da taxa em 6,5% ao ano, que defendeu como "melhor decisão possível" diante do choque externo e dólar mais alto.

Em ata do Copom divulgada nesta terça-feira (22), o BC deixa claro que sabia que pegaria os agentes econômicos de surpresa, que apostavam amplamente em nova redução da Selic, mas descartou que o peso dado ao fator cambial em sua decisão fosse uma reação mecânica à disparada da moeda americana e que os choques externos devem ser combatidos apenas diante impacto secundário que podem ter na inflação.

"Avaliou-se o fato de que a comunicação recente de membros do Copom parecia ter sido interpretada por parte do público como indicativa de decisão na direção de uma redução adicional da taxa de juros", apontou o BC no documento.

"Ao final, prevaleceu o entendimento de que focar na melhor decisão possível dado o conjunto de informações disponíveis no momento resulta, ao longo do tempo, em maior credibilidade para a política monetária", acrescentou o BC, apontando que a mudança no balanço de riscos para a inflação em função do choque externo reduziu as chances de o IPCA permanecer abaixo da meta por meio de possíveis impactos secundários na inflação.

Na semana passada, o BC surpreendeu ao manter a taxa básica de juros, justificando que o cenário externo tornou-se mais desafiador e apresentou volatilidade em meio à recente escalada do dólar, que chegou próximo a R$ 3,80.

A expectativa majoritária do mercado era de que o BC faria novo e último corte de 0,25 ponto na Selic, diante da perda de força da atividade econômica e o comportamento favorável da inflação no país, fatores que, até então, o BC vinha sinalizando estar de olho para sua decisão sobre os juros.

Na ata, o BC destacou que estará atento à propagação a preços da economia não diretamente afetados pelo choque externo. Mas lembrou que, dado o quadro de expectativas de inflação ancoradas, "esses efeitos tendem a ser mitigados pelo elevado grau de ociosidade na economia".

O BC trouxe ainda que "a ausência de relação mecânica entre o cenário externo e a política monetária e sua forma de atuação serão evidentes ao longo do tempo, mas que já deveriam ser explicitadas pelo Copom nas suas comunicações oficiais".

O BC também lembrou no documento que a atuação pautada nos impactos secundários dos choques já era sua diretriz quando, por exemplo, houve choque favorável nos preços de alimentos, com forte efeito desinflacionário no ano passado.

A disparada do dólar em relação a divisas de países emergentes tem sido alimentada pela expectativa que os juros nos Estados Unidos podem subir mais do que o esperado, tornando o país mais atraente para o fluxo global de recursos. No caso brasileiro, a volatilidade também tem sido embalada pelos temores dos mercados com as eleições presidenciais.

O BC voltou a repetir na ata que vê como adequada a manutenção da Selic no mesmo patamar para as reuniões que ocorrerão daqui para frente. O próximo encontro do Copom ocorre em 19 e 20 de junho.

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