Com greve, posto em Brasília tem fila até de pedestres para abastecer

Desde quinta-feira (24), a maioria dos postos da capital federal está sem combustível

Brasília

“Tá acabando, tá acabando”, grita um homem na fila que se forma ao lado das bombas de combustível de um posto de gasolina próximo à UnB (Universidade de Brasília), em Brasília.

A cena seria comum ao 5º dia da greve dos caminhoneiros no país, não fosse um fato: ali, a fila não é de carros, mas de pedestres.

Em meio à escassez de combustível, o proprietário Rodolfo Moreira decidiu passar a vender o pouco que ainda restava no posto em galões e garrafas, de até no máximo 5 litros por pessoa.

“Estamos fazendo isso para ajudar a população, porque a maioria está sem combustível para chegar em casa”, diz. “Isso não é rotineiro, mas as pessoas não têm como voltar para casa.”

Desde quinta-feira (24), a maioria dos postos de Brasília está sem combustível.

fila de pessoas pra encherem galões de gasolina em posto
Posto na UNB (Universidade de Brasília) tem fila de pessoas pra encherem galões de gasolina - Pedro Ladeira/Folhapress

A alegria de encontrar um posto aberto, porém, durou pouco. “Bem na minha vez. Que maravilha”, disse um homem ao ver que o combustível tinha acabado. Antes dele, o último a conseguir “abastecer” encheu uma garrafa de 2 litros –mas só pela metade.

Para Juliana Santos, a medida de vender o combustível em galões foi "solidária". "Mas seria melhor se estipulassem um valor de cada um, porque comprar o galão e ter que tirar depois dá mais trabalho. Mas pelo menos vou voltar para casa”, diz.

FILA SEM FIM

Os poucos postos com combustível na cidade continuaram com fila nesta sexta-feira (25). E põe fila nisso. No posto Jarjour, na Asa Sul, a fila ia da quadra 210 até a altura da quadra 202 –cerca de 5 km ao todo.

Ainda assim, a maioria das bombas já tinha o aviso: “Com greve de caminhoneiros: sem gasolina e sem álcool”.

Na fila desde 7h50 da manhã, o servidor público Rui Marques, 32, conseguiu chegar perto das bombas só às 13h40, após quase seis horas de espera.

“Cheguei no limite da reserva [de combustível] do carro. Nem fui trabalhar hoje para poder ficar na fila”, conta.

Já o farmacêutico Guilherme Gabriel, 31, também na fila, fazia as contas para ver se conseguiria chegar a tempo de abastecer. À sua frente, havia ainda cerca de 20 carros –e olha que era um dos primeiros. Enquanto isso, funcionários avisavam que a gasolina já estava quase no fim.

“Estou desde 8h aqui. E ainda tem risco de não chegar a tempo”, diz. “Entendo o direito de greve como legítimo, mas o governo pressionado como está, em época de eleição, pode tomar uma medida pior para as gerações futuras”, afirma, referindo-se ao acordo feito pelo governo que prevê custos de R$ 5 bilhões para garantir que os preços do diesel sejam mensais e não diários até o fim do ano. 

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