Greve dos caminhoneiros já paralisa produção em 16 fábricas de veículos, diz Anfavea

Segundo entidade que reúne as montadoras, há risco do setor inteiro parar em dois dias se os protestos se estenderem

Raquel Landim
São Paulo

O impacto da greve nacional dos caminhoneiros, que completa três dias nesta quarta-feira (23), já prejudicou a produção de 16 fábricas de carros e caminhões, conforme balanço da Anfavea, entidade que reúne as montadoras, obtido pela Folha.

Desde terça-feira (22), já vinham paralisadas as plantas da Ford, em Camaçari (BA) e Taubaté (SP), e da General Motors, em Gravataí (RS) e São Caetano (SP). Com a continuidade da greve, no entanto, o problema se agravou muito. Nesta quarta-feira (23), mais 11 fábricas pararam pelo menos um turno.

São elas:  Betim (MG), da Fiat, Porto Real (RJ), da PSA Peugeot Citroen, São Bernardo (SP) da Ford, Ponta Grossa (PR), da DAF Caminhões, Piracicaba (SP), da Caterpillar, Curitiba (PR), da Volvo, São José dos Campos (SP), da General Motors, além de quatro plantas da Volkswagen – São Bernardo do Campo (SP), São Carlos (SP), São José dos Pinhais (SP) e Taubaté (SP).

A fábrica da Honda em Sumaré (SP) também deve interromper as atividades nesta quinta-feira (24). “Se a situação não se resolver nos próximos dois dias, teremos praticamente todo o setor paralisado”, diz Antônio Megale, presidente da Anfavea.

O executivo ainda não sabe precisar qual será o tamanho do prejuízo provocado pela greve, mas acredita que tem potencial para reduzir não só a produção mensal de veículos, mas também as vendas internas e as exportações. Há relatos de milhares de carros que não conseguem chegar aos portos.

O setor automotivo, que representa 4% do PIB e 20% da indústria, é extremamente dependente do transporte por caminhões não só para o recebimento de peças para as linhas de montagem, mas também para o desembaraço de carros e caminhões prontos para as concessionárias e para a exportação.

A maior parte das montadoras de veículos está paralisada por falta de peças, mas também já ocorre um efeito em cascata. Fábricas de motores e transmissões – como Taubaté (SP), da Ford, ou São Carlos (SP) da General Motors, - também acabam parando porque não conseguem entregar o que produzem.

Os caminhoneiros estão em greve por conta do reajuste do preço do óleo diesel, que passou a subir com vigor após à guinada das cotações do petróleo no mercado internacional e a mudança na política de preços da Petrobras, que deixou de absorver o impacto após os prejuízos que sofreu no governo Dilma.

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