Greve afeta abastecimento de alimentos e postos de gasolina no Sul

Ceasa do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul informam problemas

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Curitiba

Os protestos de caminhoneiros realizados desde segunda-feira (21) nas rodovias do país têm gerado problemas na distribuição de alimentos, no fluxo industrial e no abastecimento dos postos de gasolina na região sul.

A comercialização de produtos na Ceasa (Centrais de Abastecimento) de Curitiba (PR), responsável pela venda de hortigranjeiros, pescados e outros perecíveis, caiu cerca de 70% nesta quarta (23). 

Em média, a Ceasa da capital costuma receber e comercializar 2.500 toneladas de alimentos por dia. Nesta quarta, segundo o técnico de mercado Evandro Pilati, esse número caiu para 30% (cerca de 750 toneladas). 

Segundo Pilati, o movimento foi bem menor do que o usual —ao mesmo tempo que os compradores não compareceram, alguns produtos não chegaram. "Só houve compradores de Curitiba e municípios bem próximos. Dependemos muito de estados como São Paulo, Bahia, Santa Catarina, e a entrada praticamente foi zero. Só sobrou o que tínhamos nos estoques", disse. 

A retenção na oferta pressionou o preço de alguns produtos. Na segunda (21), 50 kg de batata eram vendidos por R$ 80. Nesta quarta (23), estavam a R$ 150. Vinte quilos de cenoura, a R$ 32 na segunda, passaram a custar R$ 50. Vinte quilos de tomate foram de R$ 55 para R$ 65.

A Ceasa de Santa Catarina informou que o movimento nesta quarta-feira (23) caiu pela metade. O diretor técnico, Albanez Souza de Sá, afirmou que já há desabastecimento de itens como frutas. Segundo ele, mais de 50 caminhões que deveriam ter chegado às unidades ficaram retidos nas estradas. "Se continuar a paralisação, a partir de amanhã o desabastecimento começa a ser bem maior", disse.

A Ceasa do Rio Grande do Sul também emitiu nota informando que sua comercialização está sendo afetada em função da greve dos caminhoneiros. De acordo com a assessoria de imprensa, se a paralisação continuar a tendência é que o quadro se agrave e gere um problema de desabastecimento no Estado.

INDÚSTRIA

A cooperativa Aurora, uma das maiores do país, comunicou que irá paralisar as atividades das indústrias de processamento de aves e suínos em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, na quinta (24) e sexta-feira (25). Segundo a cooperativa, a paralisação representará R$ 50 milhões em prejuízo para toda a cadeia produtiva.

"A suspensão total das atividades tornou-se imperativa e inevitável em razão dos efeitos do movimento grevista que impede a passagem dos caminhões que transportam todos os insumos necessários ao funcionamento das indústrias", disse a cooperativa em comunicado. 

As federações industriais da região Sul também têm se manifestado sobre os efeitos da greve. A Fiesc (Federação das Indústrias de Santa Catarina) enviou um ofício ao Ministério de Transportes afirmando que a paralisação “será mais um duro golpe na competitividade da indústria nacional e motivo de maior encolhimento da arrecadação tributária”.

A Fiesc também alertou que haverá impacto no fluxo de produção, comprometendo a conservação de produtos perecíveis, o cumprimento de prazos contratuais internacionais e o atraso no abastecimento do mercado interno. No documento, a federação solicitou o estabelecimento de negociações para superar o impasse.

POSTOS

O Sulpetro (Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Rio Grande do Sul) informou que seis cidades do Estado estão com problemas de abastecimento nos postos de gasolina. A situação ocorre em Osório, Uruguaiana, Bagé, Encantado, Pelotas e Canguçu. 

A cidade de Santa Vitória do Palmar (RS), próxima à fronteira com o Uruguai, decretou estado de calamidade pública em função da falta generalizada de combustíveis nos postos. Alguns serviços serão suspensos temporariamente, como as aulas da rede municipal de ensino. 

INTERDIÇÕES

No Paraná, há retenção de veículos de carga em 54 pontos de rodovias federais. Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), os manifestantes tentam abordar os motoristas de caminhão, causando lentidão. 

De acordo com a PRF, transportadoras e empresas com frotas de caminhões estão evitando despachá-los, gerando uma redução no fluxo desses veículos desde o início da greve. 

No Rio Grande do Sul, o tráfego de veículos de carga foi interrompido em 18 pontos de rodovias federais. Em Santa Catarina, há obstruções em 36 pontos. 

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