Descrição de chapéu câmbio dólar

Instabilidade faz dólar bater R$ 3,77 e interrompe negociações de títulos públicos

Negociações no Tesouro Direto ficaram cerca de seis horas interrompidas por volatilidade nos juros

Dólar sobe em linha com exterior
Dólar sobe em linha com exterior - Lyu Mingxiang/Xinhua
Danielle Brant
São Paulo

Em dia de forte instabilidade no mercado financeiro, o dólar bateu R$ 3,77 e a Bolsa chegou a cair quase 2% nesta sexta-feira (18), acompanhando o cenário externo.

O dólar comercial subiu 1,05%, para R$ 3,739. É o sexto dia de alta da moeda americana. O dólar à vista, no mesmo horário, teve alta de 1,20%, a R$ 3,745. No mundo, o dólar ganhava força ante 25 das 31 principais divisas globais às 16h21.

A Bolsa brasileira recuava 0,65%, para 83.081 pontos, no horário.

As turbulências observadas no dólar e na Bolsa também afetaram os títulos públicos. O Tesouro informou a suspensão do Tesouro Direto às 9h50 devido à forte volatilidade nas taxas de juros dos títulos públicos. As operações foram normalizadas cerca de seis horas depois.

Por trás das turbulências está a recuperação da economia americana, que gera expectativa de um aumento da inflação que possa levar o banco central dos Estados Unidos a acelerar o processo de alta de juros no país.

"O mercado todo imaginava movimento de correção mais lento e gradual", diz Paulo Saba, diretor de Tesouraria do Banco Daycoval. Para ele, parte da culpa das instabilidades é do próprio mercado. "Na hora que alguém grande começa a deslocar recursos olhando para taxas americanas e deslocando de emergentes para o dólar, tem um efeito manada."

Os rendimentos dos títulos americanos com vencimento em dez anos, que encostaram em 3,12% nesta quinta-feira, recuaram para 3,067% nesta sexta. Uma semana atrás, estavam em 2,97%.

Nos Estados Unidos, os indicadores americanos operavam sem uma direção definida. O índice Dow Jones fechou estável, o S&P 500 recuou 0,26% e o índice da Bolsa Nasdaq perdeu 0,38%.

Para Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais, a percepção de risco maior para emergentes se mantém. "Além disso, [pesam] declarações sempre polêmicas de Donald Trump sobre dificuldades nas negociações comerciais com a União Europeia e também certo desdém com o próximo encontro com a Coreia do Norte", afirmou, em relatório.

Adeodato Netto, estrategista-chefe da Eleven Financial, vê R$ 3,70 como o limite de valorização para a moeda americana. "Acima disso, é uma valorização circunstancial. Estruturalmente, R$ 3,70 deveria ser o teto. Mas enquanto não acalmarmos os ânimos, vai continuar essa volatilidade", afirma.

O CDS (credit default swap, espécie de seguro contra calote) também espelha o aumento da percepção de risco-país. O indicador avança 4,50%, a 203 pontos, no maior nível desde setembro do ano passado.

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados sobem. O DI com vencimento em julho de 2018 avança de 6,407% para 6,426%. O DI para janeiro de 2019 subia de 6,600% para 6,690%.

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