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No centro da crise, Petrobras tem privatização rejeitada por 55%, diz Datafolha

Segundo o Datafolha, venda da petroleira para estrangeiros é descartada por 74% dos entrevistados

Tanque de combustível da Petrobras em Brasília
Tanque de combustível da Petrobras em Brasília - Ueslei Marcelino/Reuters
São Paulo

Estopim da crise provocada pela paralisação dos caminhoneiros e no centro do debate sobre uma greve nesta quarta (30), a Petrobras segue sendo uma espécie de vaca sagrada entre as estatais brasileiras.

Segundo pesquisa do Datafolha, 55% dos brasileiros são contrários à privatização da petroleira. Para um número ainda maior, 74%, a empresa não deveria ser vendida para grupos estrangeiros em hipótese alguma.  

No caminho contrário, 30% concordam com a privatização da petroleira, embora só 17% aceitem que ela venha a ficar em mãos de estrangeiros.  

Não sabem opinar sobre a privatização 13%, e sobre o controle estrangeiro, 8%. São indiferentes, respectivamente nesses itens, 2% e 1%.

Em dezembro passado, o Datafolha identificou 70% de rejeição à venda da Petrobras, mas o dado não é diretamente comparável com o do levantamento atual porque as pesquisas usaram metodologias diferentes.

O Datafolha ouviu por telefone 1.500 adultos na terça (29), em todas as regiões do país. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.  

Ideologicamente, o embate PT e PSDB ainda mostra a polarização que regeu a alternância de políticas relacionadas à estatal durante os mandatos do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e dos petistas Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016).  

Os tucanos se dividem: 49% são contra, mas 48% a favor de vender a petroleira. Já os petistas mantém sua posição estatista: 64% não aceitam a privatização, contra 28% que sim. 

A política de preços da Petrobras para o óleo diesel está no centro do movimento dos caminhoneiros que começou na segunda-feira retrasada (20) e provocou uma onda de desabastecimento de combustíveis, alimentos e insumos pelo país.  

Após anos de pesado intervencionismo no governo Dilma e com a imagem combalida pelos escândalos revelados no petrolão, a gestão Michel Temer (MDB) instalou o executivo Pedro Parente à frente da empresa em 2016.  

Ligado ao PSDB, ele promoveu uma recuperação da imagem e do valor de mercado da empresa. 

Alinhou os preços praticados pela empresa com o mercado externo, desfazendo os congelamentos que levaram ao endividamento da estatal sob o PT.  

A fórmula enfrentou problemas neste ano, com o aumento do barril do petróleo após anos de baixa. Isso decorreu de tensões geopolíticas como o recrudescimento da relação entre EUA e Irã, além de cortes de produção de países como Arábia Saudita e Rússia, buscando equilibrar seus orçamentos.  

Isso, somado à alta do dólar que o país paga pelo diesel importado, levou a aumentos sucessivos ao produto —11 reajustes em 17 dias de março. Os caminhoneiros então organizaram sua greve, com os efeitos conhecidos, e a pressão pela saída de Parente da empresa só fez crescer.

Políticos, mesmo tucanos, começaram a pedir sua cabeça.

Desde o começo da crise, a Petrobras perdeu cerca de um terço de seu valor em Bolsa. O governo diz que vai manter Parente, apesar de ter cedido com congelamento temporário do preço do diesel. Há pressões para ao menos incluir na política de preços medidas compensatórias que aliviem o impacto da variação da commodity na bomba de combustível.

Aproveitando a repercussão da paralisação dos caminhoneiros, a Federação Única dos Petroleiros resolveu iniciar uma greve nesta quarta (30). Na pauta, a remoção de Parente, a mudança na política de preços e o fim da política de venda de ativos da estatal promovida pela atual gestão para melhorar sua competitividade. Instado pelo governo, o Tribunal Superior do Trabalho decidiu que a greve é ilegal e estipulou multa diária de R$ 500 mil ao sindicato, que é ligado à CUT e ao PT. Por ora, os petroleiros dizem que manterão a paralisação.

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