Produtores de conteúdo de nicho podem gerar mais engajamento com marcas

Para profissionais de marketing, canais menores conseguem conversar melhor com fãs

Filipe Oliveira
São Paulo

O trabalho com produtores de conteúdo de nicho pode gerar benefícios para marcas que vão além do que se consegue em canais de celebridades da internet.

Mesmo com audiências menores, esses influenciadores podem ter mais autenticidade e capacidade de gerar engajamento em ações publicitárias do que seus pares mais famosos, segundo profissionais que participaram do debate "Foge que é Fake", neste domingo no Festival Path, em São Paulo.

Lembrando do início do mercado de blogs há mais de uma década, o consultor em publicidade e produtor de conteúdo Luiz Iassuda disse que o setor inicialmente acreditava que o mais importante era a audiência que os blogs tinham, muitas vezes inflada artificialmente. Aos poucos, passou a se preocupar mais com a capacidade de os influenciadores gerarem cliques e, depois, vendas e engajamento para as marcas.

Carol Rocha, da agência F.Biz, destacou que dificilmente o mesmo produtor de conteúdo consegue oferecer audiência grande ao mesmo tempo que interage com frequência com seus admiradores.

"Se você olha os comentários em postagens de grandes influenciadores, vê que ninguém conversa de verdade. As pessoas marcam amigos, fazem gracinhas. Os microinfluenciadores conseguem dialogar melhor", disse.

Iassuda, que tem entre seus projetos os podcasts Mupoca e Braincast, ambos do site B9, disse que as empresas precisam desenvolver novos modos de avaliar resultados obtidos com influenciadores menores.

Além de considerar audiência, devem estar atentas a questões como capacidade de as marcas serem associadas a valores positivos pelos fãs do conteúdo.

Ele cita como exemplo de companhia que faz experiência do tipo o podcast História de Ninar para Garotas Rebeldes, que o B9 lançou recentemente com apoio do Bradesco.

Tainá Saramago, coordenadora de projetos digitais da Viu, plataforma de conteúdo para internet da Globosat, lembrou que, quando decidem apoiar um produtor de conteúdo, empresas devem considerar a relação entre os temas que eles tratam e os valores da marca.

Pode não ser um bom negócio para qualquer empresa contratar um produtor de vídeos que comemora beber álcool em excesso, exemplificou.

Rocha completou dizendo que ainda ocorrem casos de empresas que querem fazer campanhas em que o que vende e o influenciador escolhido não combinam. Cita, por exemplo, empresas de chocolate contratando alguém com intolerância à lactose ou uma marca de refrigerantes com a ideia de patrocinar quem não consome a bebida.

Os participantes do evento sugerem que empresas, agências e criadores de conteúdo se reúnam na hora de definir uma ação, para que seja o mais autêntico e coerente com o que é publicado no canal possível.

Dedicado aos temas de criatividade e inovação, o Festival Path termina neste domingo, em Pinheiros.

Na programação, estão cerca de 350 painéis, oficinas e apresentações artísticas.

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