Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Protestos derrubam consumo de energia; elétricas adotam plano de contingência

Consumo de eletricidade ficou quase 7% abaixo do previsto no final de semana, diz ONS

Luciano Costa
São Paulo | Reuters

​A paralisação dos caminhoneiros, que gerou desabastecimento em diversas indústrias, impactou também o consumo de eletricidade, que chegou a ficar quase 7% abaixo do previsto inicialmente no final de semana, segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).

No sábado, o ONS havia programado uma geração de 56,17 gigawatts médios em energia, mas ao final do dia foram necessários apenas 52,5 gigawatts, uma diferença de 6,5%.

No domingo, a geração efetiva acabou 6,7% inferior ao programado.

A diferença entre o consumo esperado e o efetivamente verificado ficou em cerca de 3,7 gigawatts no sábado, o que representa quase metade da produção naquele dia da hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo em geração, disse à agência Reuters o diretor da comercializadora de energia FDR, Erick Azevedo.

"Isso não é comum. Os desvios entre o programado e o gerado normalmente são da ordem de 100 megawatts, às vezes 200 megawatts, mas na casa dos gigawatts é sem precedentes. Então a gente pode atribuir isso à greve, sim", afirmou.

A usina de Itaipu produziu 7,7 gigawatts no sábado.

 
 

"O consumo evidentemente diminui. O comércio não está funcionando da mesma forma, a indústria não pode trabalhar porque faltam matérias-primas, insumos, partes intermediárias, logística de transportes", disse o presidente da comercializadora América Energia, Andrew Frank.

Ele apontou que outro eventual impacto da paralisação de caminhoneiros sobre o setor de geração de energia poderia se dar com dificuldades para o abastecimento de termelétricas que operam com combustíveis como óleo diesel.

Na sexta-feira, a Eletrobras informou que seis localidades em Rondônia chegaram a ficar no escuro devido ao final dos estoques de combustíveis em termelétricas, mas a situação já se encontra normalizada, de acordo com a estatal.

"O Ministério Publico Federal e a Polícia Rodoviária viabilizaram, desde sexta-feira, o envio de caminhões tanques com combustível a estas localidades", disse a empresa em nota.

DISTRIBUIÇÃO E TRANSMISSÃO

A falta de combustíveis ocasionada pela paralisação tem impactado na prática também as operações de distribuidoras e transmissoras de energia, que têm limitado a atuação de equipes de fiscalização e manutenção para poupar os tanques para eventuais emergências.

"Nós estamos guardando o combustível que temos para deslocamentos para deslocamentos de emergência. Até agora não tivemos nenhum problema, mas por questão de precaução estamos fazendo esse controle", disse à Reuters o diretor técnico da transmissora Cteep, Carlos Ribeiro.

A Eletrobras também disse que passou a restringir atendimentos no Alagoas, onde controla a distribuidora de energia Ceal.

"O plano de contingência elaborado pela empresa é para atender serviços considerados essenciais, como hospitais e emergenciais, que colocam em risco a segurança de seus clientes", apontou, em nota.

A Eletropaulo, responsável pela distribuição de energia em São Paulo, também disse que suspendeu serviços de manutenção preventiva e outras atividades para priorizar atendimentos de emergência.

Na sexta-feira, a distribuidora paulista disse ainda que um de seus caminhões teve dois pneus furados em um bloqueio.

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