Ministro da Fazenda diz que economia já voltou ao normal

Para ministro, não é possível prever dados para o 2º semestre após atos dos caminhoneiros

São Paulo | Reuters

"A economia brasileira voltou ao normal, após desabastecimentos e perdas causadas pela paralisação de caminhoneiros, retomando a trajetória de crescimento, mas precisa que as reformas continuem para atingir um desempenho sustentável", disse nesta segunda-feira (11) o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.

Falando a jornalistas em São Paulo, o ministro avaliou como "descabido" discutir mudanças na meta de inflação antes da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), prevista para a última semana do mês.

Eduardo Guardia, ministro da Fazenda - Adriano Machado /Reuters

Composto por Guardia, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e o ministro do Planejamento, Esteves Colnago, o CMN decidirá a meta de inflação de 2021 na reunião deste mês.

"A recuperação da economia brasileira vinha ocorrendo em escala crescente no primeiro trimestre, mas o ritmo perdeu força e não se repetirá nos próximos trimestres", segundo o ministro do Planejamento. Na avaliação de economistas do mercado consultados pelo Banco Central todas as semanas no boletim Focus, a expansão da economia será inferior a 2% neste ano.

A economia brasileira acelerou ligeiramente no primeiro trimestre, avançando 0,4% sobre os três meses anteriores, em linha com estimativas do mercado.

Já o desempenho do segundo trimestre se tornou mais difícil de prever depois dos 11 dias de paralisação dos caminhoneiros, que causou desabastecimento de insumos para a indústria e de produtos básicos para o consumidor, além de gerar perdas estimadas de mais de R$ 5 bilhões na agropecuária.

A questão foi solucionada com um pacote fiscal ao custo de R$ 13,5 bilhões, levantando ainda dúvidas sobre a sustentabilidade das contas do governo.

"Não há dúvida de que a greve teve prejuízos para o país, a greve paralisou o país durante 10 dias, tivemos desabastecimento, afetou diversos setores da economia, inclusive a atividade dos próprios caminhoneiros", disse Guardia.

"O que a gente tem que discutir agora é qual é o impacto disso e eu vi muitos números que me parecem excessivos."

Segundo Guardia, a alta de preços influenciada pela falta de produtos que não conseguiam chegar ao consumidor pela paralisação nas estradas tende a não contaminar a economia por muito tempo.

"No momento da greve você teve desabastecimento e preços subiram, refletindo a falta da disponibilidade desses bens. Na medida que a economia volta a funcionar, os preços voltam à sua normalidade", afirmou.

O efeito da paralisação dos caminhoneiros sobre a indústria ainda não foi quantificado, segundo o presidente interino da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), José Roriz Coelho, mas deve vir com a redução do PIB neste ano.

Presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), Coelho assumiu a presidência na semana passada, após Paulo Skaf sair para concorrer às eleições.

Segundo o presidente interino, o PIB deste ano não deve ultrapassar um crescimento de 2%, e a perspectiva mais realista é que fique em torno de 1,5%. "Qualquer número agora é prematuro, mas o PIB que se imaginava de até 3% dificilmente será atingido."

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