Nicola Pamplona
Rio de Janeiro
O investidor Renato Chaves fez uma reclamação à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) contra a proposta de parceria entre a Boeing e a Embraer, anunciada na semana passada. Na sua opinião, o modelo apresentado prejudica os minoritários da fabricante brasileira.
 
"É uma operação de aquisição de controle que está sendo maquiada para fugir da necessidade de oferta pública [pela totalidade das ações]", afirma Chaves, que era diretor de participação da Previ, o fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil, na época da reestruturação da Embraer. 
 
Ele argumenta que a proposta fere o estatuto da empresa, que determina a oferta aos demais acionistas em caso de aquisição de mais de 35% do capital e limita o voto de acionistas estrangeiros em assembleias com o objetivo de evitar ofertas hostis.
 
O acordo foi anunciado na quinta (5) e prevê a criação de uma sociedade com os negócios de aviação comercial da Embraer. Segundo a proposta, a Boeing pagará US$ 3,8 bilhões (R$ 14,7 bilhões) para ficar com 80% da nova empresa.
 
O valor frustrou os investidores e levou a queda de mais de 14% no valor das ações da Embraer no dia do anúncio. Na sexta (6), as ações permaneceram em queda, fechando o pregão em R$ 22,67, 1,86% a menos do que a cotação da véspera.
 
Chaves diz que a proposta reduz o valor da Embraer, ao passar a área responsável por 85% de sua receita à nova companhia que será criada com a Boeing. "Entrega o filé mignon e deixa a carne de pescoço", compara o investidor.
 
Ele ressalta que, durante a reestruturação que culminou com a pulverização do controle da empresa em 2016, foram criadas medidas de proteção ao investidor, como a previsão de oferta pública em caso de aquisição do controle e as limitações a investidores estrangeiros. 
 
"Os acionistas aceitaram a pulverização sabendo que haveria essa proteção", diz o investidor, que espera que a CVM abra um processo para analisar sua reclamação.
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