Presidente da Jeep substitui Marchionne à frente da Fiat

Saída do ítalo-americano, que estava no cargo desde 2004, foi antecipada por motivos de saúde

Mike Manley e Sergio Marchionne
Mike Manley (à dir.), que assume a presidência da FCA no lugar de Sergio Marchionne (à esq.) - 21.mai.10 - Carlos Osorio/AP Photo
Milão e Roma | AFP e Reuters

O inglês Mike Manley, 54, CEO da Jeep, foi nomeado neste sábado (21) presidente-executivo da Fiat Chrysler (FCA) em substituição a Sergio Marchionne, que deixa o grupo após 14 anos no comando da empresa.

Segundo a FCA, Marchionne, 66, foi afastado após complicações durante o processo de recuperação de uma cirurgia feita no ombro direito em junho. A última aparição pública dele havia sido em 27 de junho, em um evento em Roma.

O ítalo-americano, que remodelou profundamente o grupo e é apontado como o responsável pela recuperação da empresa, já preparava a sua sucessão, mas planejava entregar as rédeas só em 2019. A questão da sucessão é "difícil, mas vamos encontrar a pessoa adequada e capaz", ele havia ressaltado.

Além de Manley, eram apontados para o cargo o chefe das operações europeias do grupo, Alfredo Altavilla, e o diretor financeiro da FCA Richard Palmer.

Um dos executivos que ocupou um cargo de CEO por mais tempo na indústria automobilística, Marchionne defendeu a criação de mecanismos para reduzir o ônus de desenvolver veículos eletrônicos autônomos que fossem ecologicamente sustentáveis.

Ele resistiu à possibilidade de vender marcas bem cotadas —como a Jeep de seu sucessor—, afirmando que isso criaria um problema ainda maior. Outras decisões, como o desmembramento da CNH Industrial —dona da Iveco (caminhões) e da New Holland (tratores)— e da montadora de luxo Ferrari contribuíram para o seu sucesso.

A FCA afirma que, mesmo sem Marchionne, permanecerá mais aberta a negociações e oportunidades do que grande parte da concorrência. No entanto, Manley terá um um caminho difícil pela frente.

Seu antecessor ressuscitou um dos maiores nomes corporativos da Itália e revitalizou a Chrysler, obtendo sucesso onde os proprietários anteriores da empresa americana —a Mercedes, a Daimler, e o grupo de private equity Carberus— falharam.

À frente da Fiat, conseguiu multiplicar por 11 o valor da companhia, ajudado por movimentos como os desdobramentos da CNH Industrial e da Ferrari. A separação da fabricante de peças Magneti Marelli, prevista para este ano, deve aumentar ainda mais essa geração de valor.

Marchionne também achatou uma hierarquia inflexível, substituindo camadas de gerência média por um estilo de liderança meritocrático. Reduziu os custos diminuindo o número de versões de veículos e criando joint ventures para reunir o desenvolvimento e os custos de fábrica.

Por outro lado, a rentabilidade do grupo na Europa só agora está se recuperando, a FCA ainda não entrou significativamente na China e a Alfa Romeo ainda não obteve lucro. Mas na América do Norte acertou, ao encerrar a produção de sedãs não rentáveis e mirar utilitários esportivos e caminhões mais caros, movimento copiado pelas concorrentes Ford e GM.

 

John Elkann, que assume a presidência da Ferrari no lugar de Sergio Marchionne
John Elkann, que assume a presidência da Ferrari no lugar de Sergio Marchionne - Piero Cruciatti - 1.jun.18/AFP

Estratégia

Manley deverá implementar uma estratégia já definida no mês passado por Marchionne, cujo objetivo é garantir um “futuro forte e independente”, afirmou o grupo.

O executivo inglês assumiu a chefia da Jeep em 2009. Com ele, a montadora americana passou de 337 mil veículos vendidos em 2008 para quase 1,4 milhão em 2017, e espera vender 1,9 milhão neste ano. 
Segundo a Morgan Stanley, a Jeep deve representar aproximadamente 70% dos lucros do grupo FCA neste ano.

Marchionne também presidia a Ferrari e a CNH Industrial. Na Ferrari, foram nomeados John Elkann como presidente do conselho e Louis Camilleri como CEO.  Marchionne ocupava ambos os cargos.

Elkann é da família Agnelli, controladora da FCA. Nascido em 1955 na Alexandria (Egito), Camilleri começou a trabalhar em 1978 na Philip Morris, onde era era conselheiro delegado desde 2002. O grupo é muito ligado à Ferrari por ser o patrocinador da Scuderia na F-1.

Já na presidência do conselho da CNH Industrial assume a britânica Suzanne Heywood, que fez carreira na consultoria McKinsey e já era conselheira da companhia. 

 

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