Nissan admite manipulação em testes de poluição de veículos fabricados no Japão

Medições e testes não aconteceram de acordo com o protocolo, disse a montadora

Logo da Nissan em Yokohama
Logo da Nissan em Yokohama - AFP
Tóquio | agências de notícias

A montadora japonesa Nissan informou nesta segunda-feira (9) que mediu indevidamente as emissões de escapamento e a economia de combustível de 19 modelos de veículos vendidos no Japão, no segundo caso em menos de um ano em que foram descobertas irregularidades em seus processos de inspeção.

A Nissan disse que encontrou ambientes de teste de amostra para emissões e economia de combustível em inspeções finais de veículos na maioria de suas fábricas no Japão que não estavam em conformidade com os padrões e que os relatórios de inspeção foram baseados em medições alteradas.

O incidente é o mais recente de uma crescente lista de adulteração de dados no Japão, que prejudicou a imagem da indústria do país, conhecida pela produção eficiente e de alta qualidade.

A má conduta mais recente não afeta os veículos exportados, já que se aplica aos requisitos destinados especificamente ao mercado japonês, disse a Nissan, sócia da Renault e segunda maior fabricante de automóveis do Japão. Essa aliança é presidida pelo brasileiro Carlos Ghosn, que é também presidente do conselho da Renault-Nissan Alliance.

As ações da montadora japonesa fecharam em baixa de 5%, em seu menor valor em mais de um ano. A notícia veio depois do fechamento do pregão, mas a companhia havia dito anteriormente que faria um anúncio sobre seus testes de emissões, gerando preocupações.

A Nissan admitiu em outubro de 2017 que, durante décadas, inspetores não certificados assinaram as verificações finais dos carros vendidos no Japão, provocando um recall de 1,2 milhão de veículos. 

"Esta é uma questão profunda e séria para a nossa empresa", disse o diretor de operações, Yasuhiro Yamauchi, a repórteres.

"Percebemos que a nossa conscientização quanto à conformidade continua faltando", disse ele, acrescentando que a empresa realizará uma investigação sobre a questão, que deve levar um mês ou mais.

Em  2017, a montadora chegou a suspender sua produção doméstica de veículos para o mercado japonês por algumas semanas para resolver problemas no processo de inspeção.

A Nissan admitiu que técnicos não certificados continuaram a realizar as verificações finais de veículos, mesmo após a companhia de ter dito que reforçou o controle de seus processos de verificação de qualidade quando a questão surgiu, no final do setembro daquele ano.

O Ministério dos Transportes do Japão disse ter descoberto que técnicos não certificados estavam usando credenciais de fiscais certificados para assinar as inspeções finais de veículos da Nissan, violando as diretrizes do ministério.

VOLKSWAGEN

Um tribunal federal de apelações confirmou nesta segunda-feira (9) o acordo de US$ 10,03 bilhões da Volkswagen com os proprietários de quase 500 mil veículos a diesel poluentes anunciados em 2016.

O painel de três juízes do Tribunal de Apelações do 9º Circuito dos EUA disse, ao rejeitar uma série de objeções ao acordado, que o acordo "entregou benefícios tangíveis e substanciais aos membros da ação de classe, aparentemente o equivalente ao —ou superior ao— obtido após o bem-sucedido contencioso, e chegou depois de um esforço importante".

No total, a Volkswagen concordou em pagar mais de US$ 25 bilhões nos Estados Unidos para reclamações de proprietários, reguladores ambientais, estados e revendedores e se ofereceu para comprar de volta cerca de 500 mil veículos americanos poluidores. As recompras continuarão até o final de 2019.

A decisão nesta segunda refere-se ao acordo que abrange os proprietários e ex-proprietários de 475 mil veículos poluidores de 2,0 litros. A VW concordou em oferecer aos proprietários dos veículos entre US$ 5.100 e US$ 10 mil em compensação, além do valor estimado do veículo.

A Volkswagen se recusou a comentar a decisão do tribunal de apelações.

A montadora alemã admitiu em setembro de 2015 a instalação secreta de um software em cerca de 500 mil carros dos EUA para burlar os testes de emissões de gases do governo. Os veículos emitiram até 40 vezes os poluentes permitidos legalmente. A Volks admitiu que instalou dispositivo para fraudar resultados dos controles de dados de emissões em 11 milhões de veículos em todo o mundo, de várias de suas marcas.

Martin Winterkorn, ex-executivo-chefe da Volks, é investigado pelo caso.

presidente da montadora de carros de luxo Audi, do grupo Volkswagen, foi preso em junho deste ano  devido a temores de que ele possa dificultar investigações sobre a fraude em testes de emissões de poluentesRupert Stadler pediu afastamento temporário de sua posição e indicou para o lugar o executivo de vendas Abraham Schot, interinamente.

Em janeiro deste ano, a Volks anunciou a suspensão de Thomas Steg, seu chefe de lobby, em resposta a denúncias de que a empresa teria bancado testes que expuseram macacos e humanos à fumaça tóxica de diesel.

O jornal The New York Times publicou que o grupo alemão e as rivais BMW e Daimler fundaram uma organização chamada "Grupo Europeu de Pesquisa em Meio-ambiente e Saúde no Setor de Transportes" para comandar os testes.

OUTROS CASOS

Em 2016, os escândalos de testes ganharam novo fôlego e chegaram também às montadoras japonesas. 

O então presidente da Mitsubishi, Tetsuro Aikawa, renunciou ao cargo por causa de um destrutivo escândalo que se estendeu também à rival Suzuki Motor.

A Suzuki, quarta maior montadora de automóveis do Japão, começou a ser investigada pelas autoridades regulatórias depois que uma análise interna constatou que seus métodos de teste de consumo de combustível não cumpriam as normas nacionais japonesas desde 2010. Todos os 16 modelos que a montadora vendia em seu mercado de origem foram afetados, ela anunciou, e um total de mais de 2,1 milhão de veículos.

Em janeiro do ano passado, o grupo ítalo-americano Fiat Chrysler foi acusado pelas autoridades dos Estados Unidos de ter manipulado motores de 104 mil veículos movidos a diesel para minimizar o nível real de emissão de poluentes, usando uma estratégia similar à da Volkswagen.

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