Taís Hirata
São Paulo

O tabelamento do frete deverá gerar gastos adicionais de R$ 3,3 bilhões à indústria paulista neste ano, entre os meses de junho e dezembro. Por mês, seriam R$  469,6 milhões adicionais, segundo um levantamento da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). 

O fim do tabelamento é um dos principais pleitos da associação atualmente, segundo o presidente da associação, José Ricardo Roriz Coelho.

"Uma tabela de frete hoje no Brasil é inviável. É um mercado com concorrência enorme. Por mais que a solução de tabelamento tenha sido a única forma de resolver a paralisação no calor do momento, é inviável, mesmo no curto prazo. A tendência é que os preços da tabela não sejam respeitados", diz ele. 

Em uma consulta a 400 empresas no estado, a pesquisa mostrou que 55,3% delas pretendem repassar, integralmente ou parcialmente, o aumento do preço do frete para o preço final do produto. 

Metade das companhias ouvidas (50,1%) já sentiu uma alta no preço dos insumos cujo valor do frete é pago pelo fornecedor —um impacto que já seria de 2% sobre o gasto com insumos. 

"Principalmente em setores como a construção civil e a agricultura, o peso do custo de frete é muito alto. Em produtos como cimento, areia, fertilizante, o frete representa mais de 50% do preço, então qualquer aumento encarece muito", afirma Roriz.

Na semana passada, foi aprovada na comissão mista a Medida Provisória que estabelece preços mínimos para o frete.

Para o empresário, não há risco de uma nova greve dos caminhoneiros. "Trouxe muitos prejuízos para todo mundo, inclusive para os caminhoneiros e para as transportadoras."

No último mês, diversos índices têm mostrado o impacto da paralisação nos indicadores do país. 

Na indústria, 14 dos 15 estados investigados pelo IBGE em sua Pesquisa Industrial Mensal tiveram sua produção afetada. 

"Todos contávamos com um crescimento de 2,8% no ano, mas não vai passar de 1,5%, por melhor que seja o segundo semestre", afirma Roriz.  

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