Vendas e importação de combustíveis do Brasil caem em maio com protestos, diz ANP

Comercialização de gasolina C foi 19% menor que em 2017; e 9,2% inferior ao apurado em abril

Reuters

As vendas e importações de gasolina e diesel por distribuidoras no Brasil caíram em maio na comparação anual em razão dos protestos de caminhoneiros, que paralisaram diversos setores da economia, disse nesta terça-feira a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A comercialização de gasolina C totalizou 3,1 milhões de metros cúbicos em maio, 19% abaixo do registrado um ano antes e também 9,2% inferior ao apurado em abril.

"A principal razão para a forte queda do volume comercializado no mês em análise se deve à deflagração da crise do abastecimento causada pela greve dos caminhoneiros a partir da terceira semana de maio, o que fez com que a demanda por combustível pelos consumidores não fosse atendida e convertida em vendas no período", disse a ANP.

No acumulado de 2018, de janeiro a maio, o tombo nas vendas de gasolina C no Brasil é de 11,1%, segundo a autarquia, que citou a demanda aquecida por etanol como outro motivo para o fraco desempenho do combustível fóssil.

Foram comercializados 1,3 milhão de metros cúbicos de álcool hidratado por distribuidoras em maio, alta de 2,1% ante abril e de 26% na comparação com igual mês de 2017.

"Tal comportamento, em meio à greve dos caminhoneiros e a crise de abastecimento, ocorreu mesmo com a escassez do produto nos postos revendedores e elevação média do preço... Isso pode ser explicado pelo fato de o etanol ter se tornado uma opção para os consumidores mesmo nas localidades em que abastecer com o biocombustível não era vantajoso do ponto de vista econômico", explicou a ANP.

De janeiro a maio, as vendas do biocombustível cresceram 37,6%.

Já em relação ao diesel, a comercialização em maio despencou para 3,8 milhões de metros cúbicos, o menor volume para este mês nos últimos cinco anos e queda de 18,2% frente o observado há um ano. Na comparação com abril, houve queda de 18,3%.

"O principal fator responsável pela queda do volume comercializado no período decorre da greve dos caminhoneiros, que paralisou o transporte de cargas no país na parte final do mês de maio", informou a ANP, acrescentando que no acumulado de 2018 as vendas estão 0,6% menores.

IMPORTAÇÕES

Além das vendas internas, as compras externas de combustíveis também foram impactadas em maio pelos protestos.

No caso do diesel, o recuo foi de 36,4%  ante abril e de 8,3% ante maio de 2017, enquanto a participação do volume importado nas vendas recuou para 21,7%, de 27,9% em abril.

Já na gasolina, as compras externas diminuíram 26% na comparação anual e 9,4% ante abril.

Por fim, no etanol, as importações (anidro e hidratado) diminuíram 73,7% em relação ao mês anterior, para 103,3 mil metros cúbicos.

"A queda expressiva das importações no mês de maio é reflexo, principalmente, pelo fato de o volume importado nos meses de março e abril terem excedido a cota estipulada para o trimestre", disse a ANP, referindo-se à taxa de 20% incidente sobre importações superiores a 150 milhões de litros por trimestre.

O início da safra de cana no centro-sul do país, com maior produção, também contribuiu para o menor volume importado, disse a ANP.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.