BC americano mantém juros, mas vê economia mais forte

Juros dos EUA permanecem no intervalo de 1,75% a 2%, confirmando expectativas do mercado

Jerome Powell, presidente do Fed, em Washington
Jerome Powell, presidente do Fed, em Washington - Reuters
Danielle Brant
Nova York | Reuters

A decisão do banco central americano de manter os juros nos Estados Unidos já era esperada, mas o que o mercado estava mais preocupado com o comunicado após o encontro, principalmente depois de o presidente Donald Trump ter criticado o impacto das altas da taxa sobre a economia.

Não houve exatamente uma resposta às declarações de Trump, mas o comunicado que justificou a manutenção, por unanimidade, da taxa na faixa entre 1,75% e 2% ao ano trouxe uma mudança de tom, ao ressaltar que a economia do país está forte.

Isso pavimenta o caminho para a também aguardada alta em setembro, avaliou em relatório o Bank of America Merryl Linch. O banco destacou as mudanças no comunicado, em especial no que diz respeito às condições econômicas.

Segundo o Fed, a economia está crescendo a uma taxa “forte”, e não mais “sólida”. No segundo trimestre, a economia americana cresceu 4,1%, no melhor desempenho em quase 4 anos.

Já o desemprego “permaneceu baixo”, embora tenha havido uma leve alta em junho –passou de 3,8% para 4%. Antes, a expressão usada era “declinou”.

Sobre a inflação, o Fomc (comitê de política monetária) mudou levemente a linguagem para indicar que tanto o panorama geral quanto o núcleo da inflação “permanecem perto” da meta de 2% ao ano. Agora, as atenções se voltam às minutas do encontro, que serão divulgadas em 22 de agosto.

Para Bruno Braizinha, analista de alocação global de ativos do Société Générale, as mudanças no comunicado foram “cosméticas”.  “Além disso, eles obviamente notaram que as taxas permaneceram em suspenso”, ressalta.

A expectativa do mercado é de mais duas altas de juros neste ano, em setembro e dezembro. Os aumentos devem ocorrer mesmo após as recentes críticas de Trump à política monetária do Fed. Em julho, o americano atacou o banco central em dois dias seguidos.

O republicano avalia que as altas de juros ferem a recuperação econômica dos EUA. “Os Estados Unidos deveriam poder recapturar o que foi perdido devido à manipulação ilegal de moedas e a acordos comerciais ruins. As dívidas perto de vencer e nós estamos aumentando juros -sério?”, criticou o americano em 20 de julho.

Um dia antes, Trump afirmou que não estava entusiasmado com as altas, em entrevista à emissora CNBC. “Eu não gosto de todo esse trabalho que estamos fazendo com a economia e, então, eu vejo os juros subindo”, criticou.

“Eu não estou feliz com isso. Mas, ao mesmo tempo, estou deixando eles fazerem o que acham melhor.”

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