Bia Doria nega ter mandado iluminar templo do padre Marcelo

Funcionário disse em depoimento ao Ministério Público que ordem veio de mulher do então prefeito João Doria

Bia Dória e seu marido, o candidato ao governo de São Paulo Joao Doria - - Zanone Fraissat - 28.mar.2018/Folhapress
Mario Cesar Carvalho Joana Cunha
São Paulo

Bia Doria, mulher do candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB, João Doria, negou em depoimento nesta quarta (8) ao Ministério Público que ela tenha mandado instalar equipamentos de iluminação pública do templo Theotokos, do padre Marcelo.

O santuário na zona sul de São Paulo é privado e não faz parte dos locais que deveriam ser iluminados pela prefeitura.

Um funcionário do templo disse, também em depoimento ao Ministério Público, que a ordem para melhorar a iluminação do templo partira de Bia, na época em que João Doria ocupava a prefeitura, no meio do ano passado. Segundo ele, foi a empresa contratada pela prefeitura, a FM Rodrigues, que fez o serviço.

Bia reconheceu a um promotor que foi ao templo junto com Denise Abreu, ex-diretora do Ilume, setor da prefeitura que cuida da iluminação.

A ex-primeira dama também disse que ouviu do padre Marcelo a reclamação que estava muito escuro nas ruas no entorno do templo, o que teria provocado assaltos. Denise Abreu, que estava junto com Bia, disse que iria verificar o caso, ainda de acordo com o depoimento de Bia Doria.

Denise Abreu foi demitida do cargo em março após uma funcionária da prefeitura gravá-la numa conversa na qual indicava que uma empresa responsável pela iluminação em São Paulo, a FM Rodrigues, pagava propina para ela. A FM Rodrigues ganhou em consórcio a maior PPP (Parceria Público Privada) do mundo, no valor de R$ 7 bilhões, para cuidar da iluminação de São Paulo.

A parceria foi suspensa pela Justiça após a revelação das suspeitas sobre suborno.

Um e-mail de um assessor de Denise Abreu, apreendido pelo Ministério Público, cita o templo como um local a ser vistoriado pelas equipes de iluminação pública.

O advogado da ex-primeira dama, Fernando José da Costa, disse à Folha que a partir desse episódio da reclamação da escuridão em torno do templo a responsabilidade do caso seria inteiramente de Denise Abreu.

"Dali para a frente, se Denise informou ao concessionário, à FM Rodrigues,  e se ele fez alguma instalação ou não, a Bia não tem nenhuma participação ou conhecimento desta situação", disse José da Costa.

O advogado disse que o depoimento de Bia Doria foi feito na qualidade de testemunha, não de investigada.

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O Padre Marcelo Rossi no Santuário Mãe de Deus -Theotokos, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo - Lucas Lima/UOL/Folhapress)

José da Costa também tentou minimizar o depoimento de um funcionário do templo,  que disse que a ordem para a troca da iluminação dentro do templo fora dada por Bia Doria. "Muito provavelmente, o funcionário soube que a Bia Doria esteve no local com a responsável pela iluminação e tirou a conclusão de que a Bia Doria ofereceu essa iluminação".

José da Costa afirmou que Bia Doria não tem conhecimento sobre iluminação e que ela não poderia oferecer quantidade de lâmpadas e dimerização porque não tem nenhum conhecimento luminotécnico nem das necessidades da igreja. 

O técnico de iluminação do templo, Antonio Nunes de Miranda Sobrinho, disse em junho ao Ministério Público que Bia Doria dera a ordem para instalar luzes de LED, um equipamento para efeitos e uma mesa para controlar a intensidade da iluminação. A instalação foi feita pela FM Rodrigues, que ganhou a PPP de R$ 7 bilhões, em dezembro do ano passado, segundo o técnico.
 

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