Cerc atua para evitar fraudes em fundos de recebíveis

Empresa foi liberada pelo BC para fazer auditoria digital e dar mais segurança a operações

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São Paulo

Nos últimos anos, operações da Polícia Federal revelaram esquemas de fraudes em fundos de investimento que levaram a perdas nas carteiras de aposentados municipais e estaduais.

Entre as modalidades que trouxeram problemas, estão os fundos de direitos creditórios (FIDCS). Esses fundos concedem créditos a empresas e recebem como garantia os valores que elas têm a receber de clientes (recebíveis) em determinado prazo.

Os fundos de pensão foram alvos de uma quadrilha formada por gestores e administradores mal intencionados, que venderam a eles recebíveis que não existiam ou não podiam ser recuperados.

A Cerc, uma empresa de inovação financeira, identificou essas fraudes como um nicho de mercado a ser explorado. Quando uma empresa pedir um crédito, desejando entregar seus recebíveis como garantia ou lastro para essa operação, a instituição financeira poderá contratar a Cerc para fazer uma espécie de auditoria digital nesses papéis. 

“Nossos sistemas vão capturar dados de diversas fontes indiretas sobre os recebíveis e as partes envolvidas. Esses dados serão submetidos a algoritmos que verificarão a consistência desses ativos”, explica o sócio-fundador da Cerc, Fernando Fontes.

Se nessa análise for detectada alguma inconsistência, o financiador receberá alertas que vão servir para subsidiar a tomada de decisão dele quanto à aceitação ou não desses ativos em garantia.  Em poucas palavras, se a auditoria da  Cerc  não encontrar nada que chame a atenção, o crédito pode ser concedido em troca das garantias com mais segurança.

A Cerc não dará garantia sobre a qualidade dos papéis, mas usará em seus processos de avaliação mais de 200 indicadores para certificar o crédito o que, conforme Fontes, torna-se uma forma de reduzir a ocorrência de fraudes.

A autorização para que a Cerc comece a atuar como uma registradora de ativos financeiros foi dada na última sexta-feira (3) pelo Banco Central.

A Cerc conta com investimentos de dois nomes de peso no mercado brasileiro: Marcos Lisboa, ex-secretário de política econômica, hoje presidente do Insper; e Fabio Barbosa, ex-presidente dos bancos Real e Santander. 

Marcelo Maziero, também sócio-fundador da Cerc, observa que o recebível é um excelente instrumento para lastrear operações de crédito, por ser um tipo de garantia que se transforma automaticamente em dinheiro. “Isso elimina custos adicionais de execução das garantias”, diz. 

No cenário atual, ainda de concessão de crédito mais restrito após anos de recessão, afirma, há muitos casos de empresas brasileiras muito alavancadas e sem ativos reais disponíveis para dar em garantia. Por essa razão, os recebíveis podem ser a até mesmo a única alternativa de financiamento.

Em tese, os recebíveis deveriam oferecer risco baixo, pois seu inadimplemento afeta a relação da companhia com seus fornecedores. Mas, por conta das fraudes recentes, o apetite dos bancos e fundos em conceder crédito com esse tipo de lastro diminuiu. 

Os executivos dizem que o volume de recebíveis originados anualmente pelas empresas no Brasil é estimado em R$ 7 trilhões. Entretanto, apenas metade desse valor é utilizado para lastrear um estoque de R$ 400 bilhões de operações de crédito dessa modalidade a empresas. 

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