Para estimular inovação, economistas sugerem que Brasil aprenda a copiar

Armínio Fraga e Marcos Lisboa participam do GovTech, que debate uma agenda digital para o Brasil

Marcos Lisboa, presidente do Insper, em palestra no GovTech, evento que debate agenda digital para o Brasil
Marcos Lisboa, presidente do Insper, em palestra no GovTech, evento que debate agenda digital para o Brasil - Divulgação
Paula Soprana
São Paulo

Em evento que debate a implantação de uma agenda digital para o Brasil, os economistas Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, e Marcos Lisboa, presidente do Insper, participaram de um painel sobre o fortalecimento do ecossistema de inovação no país. 

Apesar de parecer antagônico sugerir cópia quando a ideia é inovar, ambos defenderam que o país se espelhe em modelos bem-sucedidos no uso da tecnologia para a aceleração econômica. 

"Vamos copiar o que faz Coreia do Sul, Chile e Cingapura. Vamos aprender a copiar o que dá certo em outros países", disse Lisboa.

O presidente do Insper pontuou que a inovação não é tão difícil e que os governos gastam errado, já que o país "descolou de outros países da América Latina" nos últimos 10 anos, numa referência ao baixo crescimento do PIB.

Para estimular um ambiente favorável à inovação, Lisboa sugere que o Estado não proteja indústrias atrasadas e que o país foque em uma cultura sem medo do fracasso e com uma avaliação rápida sobre os erros.



"Deu errado? Fecha. Não pede ajuda do governo. O negócio fracassou? Fecha", diz, acrescentando que de 40% a 60% da menor produtividade brasileira é resultado da proteção a empresas ineficientes. "A gente faz muito esforço para ser pobre."

Já Armínio Fraga afirmou que ecossistemas de inovação dependem de bons fundamentos institucionais e culturais, ambos de difícil implementação na prática. No topo de sua lista para essa transformação está uma reforma do Estado.

"Estamos diante da urgente necessidade de grandes mudanças. O maior problema de produtividade, acredito, está dentro do Estado, e não no resto", afirmou.

Para ele, a reforma deve englobar uma cultura de gestão, tanto privada quanto governamental, que seja capaz de avaliar resultados para "melhorar o que está certo e corrigir o que está errado". 

Fraga ainda defendeu a implementação de uma identidade digital, que tem sido um dos principais objetos de discussão no evento.

Organizado pelo ITS-Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro) e pelo BrazilLAB, o GovTech debate como a tecnologia pode aproximar cidadãos do Poder Público e soluções para que os governos desburocratizem serviços.

Segundo Letícia Picolotto, do BrazilLab, enquanto Israel investe 4,2% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, o Brasil investe apenas 1,3%, sendo que boa parte provém do setor público.

O GovTech termina hoje, com estimativa de público de 400 pessoas e com presença de presidenciáveis, que apresentarão suas propostas para governos digitais.

Na noite desta terça (7), estarão presentes os candidatos Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), João Amoêdo (Novo), Henrique Meirelles (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL).

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