'Reforma do estado está atrasada', diz Paulo Guedes

Medida prioriza privatizações; reforma da Previdência está incluída

Talita Fernandes
Brasília

Ao deixar um encontro com o núcleo da campanha de Jair Bolsonaro (PSL), o economista Paulo Guedes defendeu a reforma do estado como principal proposta de um eventual governo do capitão reformado.

"A reforma do estado é movimento natural e secular que está atrasado. Temos que acelerar as privatizações para dar continuidade à reforma do estado", disse.

Sem mencionar quais estatais sairiam da mão do governo, o economista disse que tal reforma tem como base as privatizações e a realização de reformas estruturantes, entre elas a da Previdência

O principal fiador econômico da candidatura de Bolsonaro ao Palácio do Planalto evitou dizer se vai priorizar a reforma das regras de aposentadoria no início do governo. 

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O economista Paulo Guedes, guru econômico do candidato Jair Bolsonaro - Daniel Ramalho - 08.out.2018/AFP

O tema terá destaque em material que está sendo preparado pela equipe de transição do governo Michel Temer e que será entregue ao presidente que será eleito no dia 28.

Temer não conseguiu fazer avançar a pauta no Legislativo por falta de apoio político. Além disso, a reforma da Previdência fica impedida de ser discutida pelo Congresso enquanto estiver em vigor a intervenção federal no Rio de Janeiro.

"Quando você está fazendo privatizações, você está fazendo uma reforma do Estado. Quando você está mexendo na Previdência, você está fazendo uma reforma também estruturante na forma de funcionamento da Previdência."

Guedes acredita que mesmo os políticos de oposição devem apoiar a agenda de reformas devido à falta de recursos para estados e municípios.

"Mesmo prefeitos do PT vão votar nas reformas porque eles precisam de recursos para fazer escolas, saúdes, saneamento. As cidades estão com dificuldades, os governos estaduais estão quebrados eles precisam desses recursos."

O guru econômico da campanha do PSL disse que Bolsonaro promete fazer um novo eixo de governabilidade por meio de uma aliança de centro-direita baseada em uma economia liberal.

Ele comemorou ainda a movimentação do mercado financeiro com a alta da Bolsa de Valores e queda do dólar após a ida de Bolsonaro para o segundo turno como primeiro colocado.

"Eu acho que o mercado deve estar percebendo que, em vez do toma lá da cá, deve haver uma mudança nos eixos de governabilidade: a descentralização de recursos para estados e municípios, a recuperação do orçamento da União em vez de estar tudo carimbado", afirmou ao comentar a reação do mercado financeiro diante da votação de Bolsonaro no primeiro turno.

O economista evitou falar qual seria a primeira ação na área econômica se Bolsonaro vencer. "Eu não posso dizer para vocês o que o presidente vai fazer antes dele aprovar."

Anunciado ministro da Fazenda de eventual governo do PSL, Guedes não quis falar sobre outros nomes da equipe econômica.

"Por enquanto é uma campanha política, né? Eu acho que até está se dando muita importância para o programa econômico, claro, é um sinal de amadurecimento da nossa democracia e tudo, mas o que está em jogo agora agora são valores, são princípios, esse problema da degeneração política com excesso de roubalheira, toma lá, da cá, violência. São temas um pouco diferentes de economia."
 

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