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Ruralista aliado de Bolsonaro quer acabar com 'indústria de multa' do Meio Ambiente

Segundo Luiz Antônio Nabhan Garcia, o estado usa as punições para 'arrecadar'

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Rodrigo Viga Gaier
Rio de Janeiro

Um eventual governo de Jair Bolsonaro buscará apoiar a todos os produtores rurais, não só os maiores, desburocratizar processos e acabar com a chamada "indústria das multas" do Ministério de Meio Ambiente, disse nesta terça-feira (9) Luiz Antônio Nabhan Garcia, aliado do candidato do PSL à Presidência.

Cotado para assumir um futuro Ministério da Agricultura e Meio Ambiente, que juntaria as duas pastas em um governo Bolsonaro, Garcia disse que é preciso dar segurança jurídica ao produtor rural, que assim poderia destravar investimentos.

"Não pode ter uma indústria da multa punitiva. Tem que ser uma indústria construtiva e educativa. Quem cometeu infração tem que ser punido, mas antes é preciso um projeto educacional, mostrar como preservar.", declarou o líder da União Democrática Ruralista (UDR), entidade que se notabiliza pela defesa da propriedade rural e combate a movimentos de sem-terra, como o MST.

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Presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia - Sergio Lima-13.nov.2010/Folhapress
 

A proposta de Bolsonaro da fusão das pastas de Agricultura e Meio Ambiente, além de reduzir o número de ministérios, também seria importante para dar mais agilidade ao setor agropecuário, tido por algumas organizações não-governamentais como motor do desmatamento no Cerrado e na Amazônia.

Um dos conselheiros de Bolsonaro para o setor do agronegócio, Garcia disse que é preciso "separar o joio do trigo", aqueles que atuam legalmente de madeireiros e garimpeiros ilegais.

"Não dá para jogar (a culpa) nas costas do produtor rural", afirmou.

Para Garcia, que disse estar assessorando Bolsonaro "na solução dos principais gargalos do setor rural", o Ministério do Meio Ambiente trabalha atualmente para arrecadar recursos à União.

"O estado quer arrecadar e tem que acabar com isso. Aí o produtor fica dez anos se defendendo na Justiça", disse. Garcia também criticou integrantes do Meio Ambiente, que estariam "a serviço das ONGs, escusas e do interesse internacional".

Garcia defendeu ainda que o futuro governo tem de zerar o repasse de recursos públicos para ONGs que atuam no Brasil, "porque milhares delas estão atuando com interesses escusos". Ele não deu detalhes sobre a proposta.

Procuradas, autoridades do Ministério de Meio Ambiente não comentaram as afirmações imediatamente.

Para o líder da UDR, o setor agrícola precisa de uma atenção especial do governo porque tem ajudado na economia nos últimos anos. A soja, por exemplo, é o principal produto de exportação do Brasil, que é o principal exportador da oleaginosa, de carnes bovina e de frango, entre outros produtos agrícolas.

"Se não fosse o setor rural o país tinha explodido nos últimos anos e não teria sobrado nada. O agronegócio é quem alavanca o país."

PARA TODOS

Durante sua campanha, Bolsonaro já criou polêmicas sobre demarcação de terras e preservação de áreas indígenas e quilombolas.

Garcia negou que Bolsonaro vá fazer um governo, caso seja eleito, voltado para os grandes latifundiários do país.

Ele atribuiu ao PT, do oponente Fernando Haddad, esse tipo de "fake news".

"Isso é papo furado dessas ideologias doentias que existem aí. Pelo contrário, não tem essa divisão. Isso é ranço do PT. Vamos incentivar a agricultura familiar. Pequeno, médio e grande produtor estão na mesa, e isso (de priorizar os grandes) é piada", afirmou.

Para o aliado de Bolsonaro, produtores agrícolas de menor porte têm dificuldades para acessar crédito no BNDES, enquanto grandes empresas do setor de carnes conseguiriam com facilidade.

"O BNDES em vez de bancar frigorífico tem que oferecer à base da indústria agro. O produtor para conseguir merreca fica seis meses, um ano sendo humilhando no BNDES. Isso vai acabar. Faremos política para todo mundo e não para um monopólio."

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