Bolsonaro anuncia ex-diretor do Dnit para Ministério de Infraestrutura

Tarcísio Gomes de Freitas atua como consultor legislativo da Câmara Federal

Brasília

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), anunciou Tarcísio Gomes de Freitas para o Ministério da Infraestrutura, como será chamado o atual Ministério de Transportes, Portos e Aviação Civil.

Será o quinto militar a ocupar uma pasta no novo governo, que, até o momento, anunciou 15 ministérios.

Oficial do Exército formado em primeiro lugar em sua turma pelo Instituto Militar de Engenharia, Freitas é o atual secretário de Coordenação de Projetos do PPI (Programa de Parceria de Investimentos), órgão criado pelo presidente Michel Temer e vinculado à Secretaria-Geral da Presidência da República.

Logo depois de ter sido anunciado como ministro, Freitas afirmou que "a questão do superministério era uma ideia inicial" e que "Bolsonaro tinha desistido".

Segundo ele, não seria possível unificar diversos temas de infraestrutura em uma única pasta porque alguns temas são nacionais, e outros, locais. Por isso, a pasta será parecida com a dos Transportes.
Freitas também afirmou que está descartada a proposta de integrar as telecomunicações --que continuará no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações.

"A recomendação é resolver problemas de logística. Caminhar muito em conjunto com a pauta de PPI", disse.

Antes de cuidar de projetos de privatizações e concessões de Temer, Freitas, como é conhecido, foi auditor de infraestrutura na CGU (Controladoria-Geral da União), função que exerceu até 2011, quando passou para o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte), órgão ligado aos Transportes.

Foi diretor-executivo do Dnit até 2014, quando assumiu a direção-geral por causa da "faxina" feita pela então presidente Dilma Rousseff, que exonerou o diretor-geral do órgão e outros funcionários investigados por um esquema de superfaturamento de obras e pagamento de propinas. Freitas permaneceu no órgão até 2015.

Depois disso, foi consultor da Câmara dos Deputados até ser indicado para o PPI, em maio de 2016.
No Exército, o futuro ministro atuou como chefe da seção técnica da Companhia de Engenharia do Brasil na Missão da ONU para a Estabilização do Haiti, pouco depois da saída do general Augusto Heleno, que comandou a missão e hoje é um dos aliados mais próximos de Bolsonaro.

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Bolsonaro anunciou Tarcísio Gomes de Freitas (foto) para a chefia do Ministério da Infraestrutura - Reinaldo Canato/Folhapress

MILITARES

A escolha do ministro da Infraestrutura pôs fim a dúvidas sobre o papel dos militares nesse setor.

Como mostrou a Folha, a infraestrutura se tornou uma espécie de prova de fogo para a proposta de Bolsonaro de promover o fim das negociações políticas na destinação de verbas para obras, o conhecido toma lá dá cá.

Desde a campanha, Bolsonaro queria delegar essa área aos militares, mas vinha encontrando forte resistência de segmentos políticos e empresariais.

Com a declaração de Bolsonaro de pôr fim ao Ministério das Cidades, que distribui R$ 11 bilhões em verbas para obras em redutos eleitorais de deputados e senadores, o Ministério de Minas e Energia e o de Transportes, Portos e Aviação Civil se tornaram alvo de disputas entre políticos interessados em uma fatia dos R$ 35,7 bilhões previstos no Orçamento conjunto dessas pastas para investimentos.

Representantes de partidos como MDB e PR tentavam nomear esses dois ministros em troca de apoio nas votações importantes no Congresso.

PPI

Pessoas que participam das discussões sobre a nova configuração do governo na área de infraestrutura afirmam que haverá mudanças no PPI.

No desenho anterior, o programa ficaria com o vice-presidente, general Hamilton Mourão. O advogado Gustavo Bebianno, futuro ministro da Secretaria-Geral da Presidência, chegou a dizer, nesta terça -feira(27), que seria o responsável pelo programa, que, no dia a dia, ficaria a cargo do general Maynard Marques de Santa Rosa.

Depois de muito debate, decidiu-se que o PPI ficará na Secretaria de Governo, e não mais com Bebianno. O diretor do programa ainda não foi definido.

A preocupação de militares e também da ala econômica de Bolsonaro é garantir a autonomia necessária para que o programe avance, acelerando o calendário de privatizações e concessões.

Como o PPI coordena a atuação de vários ministérios e órgãos da administração federal, precisa ser comandado por alguém ligado à Presidência. Não poderia ficar vinculado a outro ministério.

Além da infraestrutura, também houve nomeações na Agricultura. A futura ministra, a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS), anunciou que o novo organograma de sua pasta terá dois vice-ministros a quem responderão aos atuais secretários.

Os cargos serão ocupados pelo deputado Marcos Montes (PSD-MG), indicado para ser o vice-ministro-executivo, e o presidente União Democrática Ruralista (UDR), Nabhan Garcia, o futuro vice-ministro de assuntos fundiários.

Com Reuters

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