Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Mourão defende garantia contra risco cambial para obras de grande porte

A empresários, vice eleito propôs que governo compensasse a iniciativa privada diante da oscilação do dólar

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Brasília

Em palestra para empresários ligados à infraestrutura de transporte terrestre nesta quinta-feira (29), o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão (PRTB) propôs uma garantia contra risco cambial no qual o governo compensaria a iniciativa privada diante da oscilação do dólar. 

Ele disse defender esta medida para obras de grande porte, com flutuação cambial significativa por causa do volume de insumos.

"Visualizamos claramente que o governo tem de ter o planejamento, a licitação muito bem feita e a garantia contratual para que a empresa possa participar desse processo e executar o que está sendo demandado. Quando toca na questão da garantia, uma coisa é a variação de custo. Seria o caso de estudar um dólar médio. Se subir, tem de ser compensado pelo governo. Se descer, a empresa está com o seu lucro ainda mais assegurado", afirmou em palestra promovida pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

O vice-presidente eleito Hamilton Mourao no escritório de transição do governo BOlsonaro em Brasília - Adriano Machado - 28.nov.2018/REUTERS

Após o evento, em conversa com jornalistas, detalhou a proposta, que disse ser algo defendido por ele, mas que ainda dependia do aval de outros integrantes do governo.

"O dólar flutua demais. Vamos dizer que seja estabelecido em R$3,50. Este é o parâmetro na constituição. Se o dólar subir para R$ 3,70, aí entra o parceiro público, o governo, para compensar a empresa no prejuízo", disse o vice-presidente eleito.

"Isso é para construção. Se você vai chamar um parceiro privado, ele tem que ter alguma garantia porque vai entrar num capital de alto risco", afirmou Mourão.

Durante a palestra, o vice-presidente eleito defendeu "privatizar aquilo que tiver que ser privatizado". Aos jornalistas, reiterou que empresas como Petrobras e Banco do Brasil não serão privatizadas.

Mourão disse que é preciso "romper essa questão ideológica" de se opor a estradas pedagiadas e que o novo governo terá uma diretriz de que obras de infraestrutura terão que estar atreladas a contratos de manutenção.

Mourão disse ainda que um dos fundamentos econômicos que nortearão o próximo governo é a liberalização financeira e a abertura comercial, desde que "lenta, gradual e segura" e afirmou que investimentos estrangeiros serão bem-vindos, desde que sejam "capital de risco".

"A economia precisa primeiro se recuperar para depois estar completamente aberta para o mundo. Os investimentos estrangeiros são muito bem-vindos, mas desde que seja capital de risco, para construir estrada, construir ferrovia. Não queremos empréstimo puro e simples. Porque esse filme a gente já viu e sabe que não dá certo", afirmou.

Ao comentar o cenário internacional, Mourão disse que o presidente russo Vladimir Putin tenta restabelecer a antiga União Soviética e defendeu que o Brasil tome partido na briga entre Estados Unidos e China.

"O mundo é um mundo complicado, da insegurança, da inquietação. Estamos vendo agora esta guerra comercial entre EUA e China onde o nosso país vai precisar saber se posicionar", declarou.

O general criticou o excesso de regulação e burocracia que existe no Brasil. 

"Tenho comparado nosso Brasil, de uma forma bem positiva, a um cavalo maravilhoso, olímpico, capaz de saltar 1,8 metro de altura, desde que seja montado por um ginete de mão de ceda, cintura de borracha e de perna de aço. Infelizmente estamos saltando só 0,70 metro porque nosso ginete está pesadão, a mão é de ferro e a perna está frouxa. Está na hora de colocarmos este animal com toda a capacidade que ele tem", afirmou.

Ele disse que todos querem estradas alemãs, hospitais suíços e escolas americanas" e que "ninguém aguenta mais a cultura burocrática do estado brasileiro".

"Os atores que fazem parte do sistema de controle têm que controlar efetivamente, mas têm que entender a legislação e não usá-la como um fardo nas costas do empreendedor", disse o vice-presidente, defendendo um enxugamento da legislação.

Mourão defendeu a priorização dos gastos do governo --"canhão ou manteiga"--, a desvinculação das receitas da União, a criação de linhas de crédito para empresas via BNDES e as reformas tributária e da Previdência.

"Precisamos urgentemente, ao longo do primeiro semestre do ano que vem, aprovar esta reforma [previdenciária]", disse ele.

O general falou também da intenção do próximo governo de criar um centro de monitoramento dos principais projetos, com estabelecimento de metas.

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