Descrição de chapéu Financial Times

Subordinado de Zuckerberg ataca cofundador do WhatsApp

Desentendimento ocorreu dias após os criadores do Instagram renunciaram aos seus postos na empresa

Los Angeles | Financial Times

Um dos mais próximos subordinados de Mark Zuckerberg e um dos cofundadores do WhatsApp se desentenderam sobre o Facebook e as aquisições da companhia, dias depois que os criadores do Instagram renunciaram abruptamente aos seus postos na empresa.

A disputa despertará novas questões sobre o estilo de liderança de Zuckerberg e seu relacionamento com os empreendedores cujas companhias ele adquiriu por valores bilionários.

Brian Acton e Jan Koum, cofundadores do WhatsApp, deixaram o Facebook alguns meses atrás. A rede social adquiriu o app de chat que eles desenvolveram por US$ 22 bilhões, em 2014.

A saída deles foi seguida esta semana pela resignação inesperada de Kevin Systrom e Mike Krieger, cofundadores do Instagram, por conta de tensões com Zuckerberg. No ano passado, Palmer Luckey, fundador da Oculus VR, também deixou a empresa.

Mark Zuckerberg em discurso durante o VivaTech
Gerard Julien/AFP

Em entrevista à revista Forbes, publicada na quarta-feira, Acton disse ter entrado em choque com Zuckerberg e com a vice-presidente de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, sobre questões que variavam da proteção de dados e privacidade de usuários à introdução de publicidade direcionada no app.

"Eles são profissionais de negócios, e são bons profissionais de negócios", disse Acton. "Mas representam um conjunto de práticas de negócios, princípios e ética com o qual não necessariamente concordo".

Dando a entender que ele se arrependia da transação que o tornou bilionário, Acton disse à Forbes que "vendi a privacidade de meus usuários por um benefício maior. Fiz uma escolha e aceitei um compromisso. E vivo com isso todos os dias".

A entrevista provocou um rompante incomum da parte de David Marcus, antigo comandante do Facebook Messenger e agora encarregado da equipe de pesquisa de blockchain, na empresa do Vale do Silício.

Marcus postou no Facebook quarta-feira que a versão dos acontecimentos relatada por Acton "difere muito da realidade que testemunhei em primeira mão", e acusa o fundador do WhatsApp de "agressão passiva" e de "falta de classe".

Ele negou que Zuckerberg tenha buscado comprometer a privacidade dos usuários do WhatsApp ao postar publicidade no site ou recolher dados sobre eles. "Mark protegeu o WhatsApp por um período muito longo", disse Marcus.

Ele prosseguiu: "Pode me chamar de antiquado. Mas acho falta de classe atacar as pessoas e a empresa que o tornaram bilionário, e que fizeram mais do que qualquer um faria para protegê-lo e acomodá-lo, por anos. Na verdade, ele estabeleceu um novo patamar para a falta de classe".

Acton não rebateu o ataque de Marcus, mas em sua entrevista à Forbes já parecia estar respondendo a esse tipo de crítica.

"Em última análise, eu vendi minha companhia", ele disse. "Sou um vendido. Tenho de admitir".

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.