União Europeia rejeita fusão entre Siemens e Alstom

Acordo criaria a segunda maior companhia de equipamentos ferroviários com receita de R$ 63 bi

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Paris

A Comissão Europeia barrou, nesta quarta-feira (5), a aquisição da francesa Alstom pela alemã Siemens, fusão que criaria uma gigante no setor de equipamentos ferroviários.

O braço executivo da União Europeia disse que a operação poderia reduzir a competição no segmento, elevando preços de sistemas de sinalização e de trens de alta velocidade (que rodam a 300 km/h ou mais) e diminuindo investimentos em pesquisa e inovação.

"Essa concentração teria implicado um aumento de preços para sistemas de sinalização que garantiriam a segurança dos passageiros e das futuras gerações de trens de alta velocidade", afirmou a comissária europeia Margrethe Vestager.

Sindicatos de funcionários da Alstom temiam o fechamento de postos de trabalho em fábricas da firma francesa.

As companhias ofereceram bens e licenças como moeda de troca pela fusão, mas a comissão não se convenceu de que isso bastaria para manter o equilíbrio do mercado europeu e a oferta ampla a compradores/consumidores.

Trem da Alstom em estação em Leipzig, na Alemanha
Trem da Alstom em estação em Leipzig, na Alemanha - AFP

Não é comum que o órgão bloqueie acordos dessa natureza. Dotado do poder de veto desde 1989, o departamento a cargo da política de concorrência no bloco só o utilizou cerca de 30 vezes até hoje. Em comparação, mais de 6.000 fusões foram aprovadas nos últimos 30 anos.

A fusão criaria a segunda maior companhia de equipamentos ferroviários, com receita combinada de cerca de € 15 bilhões (R$ 63 bilhões).

Os governos de França e Alemanha, que apoiavam a união de forças, já anunciaram que irão apoiar recursos que as empresas se disponham a apresentar à proibição.

O grupo francês anunciou que desistiu de seu projeto com a Siemens.

"A Alstom agora se concentrará em continuar seu crescimento como líder mundial no setor de mobilidade", disse em um comunicado.

Dos dois lados da fronteira, o temor é de que a decisão dê ainda mais fôlego ao mastodonte chinês CRRC, líder mundial, criado em 2014 a partir da fusão de duas estatais. É preciso pensar no mercado global, não apenas no europeu, repetem empresários e governantes.

Segundo Bruno Le Maire, ministro francês das Finanças e da Economia, a companhia asiática fabrica anualmente 200 trens de alta velocidade, contra 35 do duo Siemens-Alstom. A diferença de escala se traduz nos faturamentos respectivos (em 2017): 26 bilhões de euros para a primeira, 8 bilhões de euros para a segunda.

A CRRC está presente nos trilhos de Boston, Los Angeles, Buenos Aires, Londres e Lagos, entre outros, e já começa a morder o mercado europeu, com contratos na Sérvia e na República Tcheca.

No Brasil, a Alstom está presente nos metrôs de Rio e São Paulo, além do sistema de trens de superfície de Porto Alegre.

Em 2008, a firma esteve no centro da revelação de um esquema de pagamento de propinas a políticos paulistas em troca da assinatura de contratos para a expansão do metrô na maior cidade do país.

Com agências

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