Retomada mais robusta da economia depende de reformas, diz BC

Choques de 2018, como a greve dos caminhoneiros, continuam até hoje, aponta ata do Copom

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São Paulo | Reuters

Sem citar nominalmente a proposta de alteração na Previdência, o Banco Central avaliou que uma retomada mais robusta da economia neste ano depende de reformas fiscais.

Na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada nesta terça-feira (16), o BC avaliou que os choques sofridos em 2018 —que, segundo a instituição, decorreram da greve dos caminhoneiros, do pior ambiente externo para emergentes a partir do segundo trimestre e da elevada incerteza sobre rumos econômicos do país em meio às eleições— produziram impactos na economia cujos efeitos persistem até hoje.

"Os membros do Copom avaliam que esses choques devem ter reduzido sensivelmente o crescimento que a economia brasileira teria vivenciado na sua ausência", apontou a ata.

Com isso, a autoridade monetária reforçou mais uma vez a necessidade de mudanças estruturais na dinâmica das contas públicas, num momento em que embates públicos sobre a articulação para a reforma da Previdência têm levantado preocupações quanto à sua aprovação.

 

O Banco Central ainda citou que a inflação acumulada em 12 meses deve atingir um pico em torno de abril ou maio, para depois recuar para patamar abaixo do centro da meta deste ano, de 4,25% —mas ressaltou que a consolidação desse "cenário favorável" depende do andamento das reformas e ajustes na economia.

"Uma aceleração do ritmo de retomada da economia para patamares mais robustos dependerá da diminuição das incertezas em relação à aprovação e implementação das reformas —notadamente as de natureza fiscal— e ajustes de que a economia brasileira necessita", completou o BC.

Taxa de juros

Na semana passada, o BC manteve a taxa de juros no seu piso histórico de 6,5% e indicou que, diante da retomada econômica aquém das expectativas, o balanço de riscos para a inflação ficou simétrico, com pesos iguais tanto para cima quanto para baixo.

A decisão, a primeira com Roberto Campos Neto no comando da autoridade monetária, tirou o impedimento explícito que o BC vinha apontando para possivelmente diminuir os juros à frente.

Isso porque o risco de o nível de ociosidade na economia produzir perspectiva de inflação abaixo do esperado se equiparou ao peso dos riscos que, na visão do BC, podem pressionar a inflação para cima —estes últimos ligados à eventual frustração sobre a continuidade das reformas econômicas e deterioração do cenário externo para países emergentes.

Mas o Copom já havia assinalado que seguiria atento ao desenrolar da atividade econômica para a decisão de seus próximos passos na condução da política monetária, num processo que tomará tempo. O tom foi reiterado nesta terça-feira, com o BC voltando a dizer que isso será feito ao longo do tempo, numa análise com menor grau de incerteza e livre dos efeitos dos diversos choques do ano passado.

Na ata, os membros do Copom confirmaram o arrefecimento da atividade no quarto trimestre de 2018.

PIB

Em outra frente, eles ponderaram que a queda nas projeções de mercado para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano reflete o nível mais baixo para a economia ao fim de 2018, sob efeito do chamado “carregamento estatístico", além de indicadores preliminares disponíveis para os primeiros meses deste trimestre.

"Não obstante essas revisões, as projeções para o crescimento do PIB na margem —ou seja, do primeiro ou segundo trimestres em diante, em relação aos trimestres anteriores— não sofreram alterações relevantes. Essa dinâmica é consistente com o cenário básico do Copom, de recuperação da economia brasileira em ritmo gradual", afirmou o BC.

Apesar de a Selic estar estacionada há um ano no mesmo patamar, a economia vem mostrando dificuldades para ganhar fôlego, em meio à alta ociosidade das empresas e incertezas sobre a situação fiscal do país.

A inflação, por sua vez, segue em níveis confortáveis, cenário que vem embasando tanto apostas de aperto monetário mais demorado e suave à frente quanto de eventual corte nos juros para dar impulso à atividade.

Em pesquisa Focus mais recente, economistas reduziram pela segunda vez seguida a expectativa para a taxa básica de juros no final de 2020, a 7,50%, de 7,75% previstos antes. Para este ano, a estimativa segue sendo de 6,50%.

Já para o PIB, a projeção de expansão caiu a 2% para 2019 e 2,78% para o ano que vem.

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