Na onda do crescimento das cervejarias artesanais, um novo negócio tem tomado o mercado: as chamadas cervejarias ciganas já são 2.000.
Para fugir da burocracia e testar o mercado antes de investirem em suas próprias estruturas, as microcervejarias, que produzem rótulos mais artesanais, alugam a unidade fabril —até mesmo de grandes empresas como a Ambev— para produzir suas bebidas.
Com isso, garantem a fuga da burocracia com permissões e alvarás, que podem demorar até dois anos para sair do papel, e ganham a possibilidade de confirmar se o negócio rende antes de investir pesado.
“Eles são muitos, em número, mas não em constância. Normalmente produzem poucos litros, entre 500 e 2.000, e conseguem tocar o negócio em paralelo com a ocupação principal. Esses cervejeiros ajudam também os grandes porque garantem que a produção não fique ociosa, mas a margem de lucro é muito estreita”, diz Carlos Lapolli, presidente da Abracerva (Associação Brasileira da Cerveja Artesanal).
No mundo cervejeiro, as ciganas são vistas como a porta de entrada para o negócio, afirma Estácio Rodrigues, sócio fundador do ICB (Instituto da Cerveja Brasil). O ICB é famoso pelos cursos para cervejeiros, mas também por ter uma das maiores fábricas para receber ciganas no país.
O investimento foi de R$ 7 milhões, para uma fábrica com capacidade de produção de 30 mil litros. Mesmo assim, há espera de até três meses para novos lotes.
“Ser cigano é um estágio. É preciso passar para entender se sabe vender, se a marca é boa, se é legal; entender o mercado como um todo”, diz.
A produção do litro fica entre R$ 8 e R$ 12, mais os insumos. A maioria das fábricas fecha o contrato para produzir, oferecer insumos e galpão para guardar os litros produzidos, já que os ciganos levam cerca de dois meses para distribuir os produtos e voltar para uma nova brassagem
—técnica de cozimento do malte para extração dos açúcares necessários à fermentação da cerveja.
Dono da primeira fábrica de cerveja artesanal na capital paulista em parceria com Luciano Cosentino e Isaac Deutch, o empresário Giba Tarantino, que tem uma cervejaria de mesmo sobrenome, com capacidade de 30 mil litros, vê no ciganos o melhor jeito de combater a ociosidade.
“Faço sempre colaborações com outras cervejarias. Produzi por dois anos em outras fábricas enquanto elaborava o plano de negócios, e, hoje, atender ciganos está no nosso DNA. Esse é um meio muito colaborativo”, diz Tarantino.
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