Descrição de chapéu The New York Times

Banco central americano corta juros pela primeira vez desde 2008

Fed reduziu a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual

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Jeanna Smialek
Washington | The New York Times

O Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) cortou nesta quarta-feira (31) as taxas de juros pela primeira vez em mais de uma década, em uma tentativa de proteger dos riscos mundiais crescentes a expansão da economia americana.

O corte de 0,25 ponto percentual, para a faixa de 2% a 2,25%, era amplamente aguardado e foi o primeiro desde a redução dos juros para quase zero em 2008. 

O objetivo é blindar a economia contra os efeitos potencialmente nocivos de uma desaceleração do crescimento na China e na Europa e contra a incerteza causada pela guerra comercial do presidente Donald Trump.

Banco central americano corta juros pela primeira vez em mais de dez anos - Brendan McDermid/Reuters

"À luz das implicações dos desdobramentos internacionais para as perspectivas econômicas e das pressões inflacionárias reduzidas, o comitê decidiu reduzir a taxa", anunciou o Fed.

Mas o banco central americano não indicou que esse fosse o primeiro movimento em uma campanha de corte de impostos e deu a entender que a decisão era um ajuste menor cuja intenção era ajudar a economia a enfrentar desafios gerados pela desaceleração no crescimento mundial e pelas disputas comerciais de Trump.

Embora Jerome Powell, o presidente do Fed, tenha deixado a porta aberta para cortes adicionais de juros, se a economia ratear, ele não indicou que o banco central estivesse pronto a se engajar em um ciclo de cortes profundo semelhantes aos realizados no passado para evitar ou compensar recessões.

"Não se trata do começo de uma longa série de cortes de juros —mas não digo que teremos apenas um", disse Powell em entrevista coletiva depois da reunião de dois dias do comitê de política monetária. 

"O que estamos vendo é o apropriado para ajustar a política monetária a uma posição mais acomodatícia ao longo do tempo, e é assim que estamos encarando a situação."

A decisão amplamente aguardada do banco central foi recebida com desinteresse inicial pelos mercados financeiros —os investidores já tinham incluído um corte nos juros em seus cálculos meses atrás. Mas as ações caíram depois que Powell iniciou sua entrevista, quando os investidores absorveram os comentários como indicação de que era improvável que o banco central realizasse novos cortes em breve, como esperavam.

O S&P 500 fechou o dia em queda de 1,1%, maior desvalorização do índice desde 31 de maio. O Dow Jones e a Nasdaq caíram 1,2%.

"Como de costume, Powell nos decepcionou", disse Trump em tuíte após a decisão. O presidente queria indícios mais concretos de novos cortes nas taxas.

A decisão de reduzir os juros não foi unânime. Eric Rosengren, presidente do Fed de Boston, e Esther George, presidente do de Kansas City, votaram pela manutenção da taxa.

Embora representantes do Fed tenham dito que antecipam expansão econômica continuada e que o mercado de trabalho continue forte, "restam incertezas quanto a essa perspectiva".

Powell disse que a decisão do Fed teve por objetivo "prover garantia contra os riscos de baixa associados a crescimento mundial fraco e tensões comerciais".

Ele disse que a indústria estava perdendo força em todo o mundo e que as disputas comerciais de Trump continuam a assustar as empresas americanas. 

"A incerteza atual torna algumas empresas mais cautelosas em seus investimentos de capital", disse.
Powell disse que o comitê entendia a medida como "um ajuste de política monetária de meio de ciclo" indicando que o Fed vê o corte como semelhante a dois exemplos da década de 1990, que viram ligeiro corte de juros para ajudar a economia a atravessar períodos de incerteza, e não o início de um ciclo de redução.

O corte de juros pelo Fed acarreta riscos políticos, se considerarmos as críticas de Trump ao banco central. 

O presidente dos EUA vem atacando o Fed em discursos e no Twitter há um ano, criticando os quatro aumentos de juros de 2018 e culpando as políticas do banco central pela desaceleração da economia dos EUA. 

Alguns observadores podem entender a decisão desta quarta-feira como rendição aos desejos do presidente, apesar das novas críticas de Trump desta quarta.

 
 
 

The New York Times, tradução de Paulo Migliacci

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