Presidente da Petrobras afirma que não investirá na operação de energia renovável

Possibilidade de reduzir a zero as participações da estatal na BR Distribuidora, diz executivo

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São Paulo | Reuters

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que a companhia não fará novos investimentos na produção de energia renováveis.

O executivo repetiu em entrevista coletiva que o objetivo da companhia é priorizar a produção de petróleo. Ele reafirmou a possibilidade de reduzir à zero as participações da estatal na BR Distribuidora, na Gaspetro e na logística e transporte de gás.

Em relação à energia renovável, Castello Branco defendeu que “é um negócio que requer competências diferentes do negócio de petróleo e gás”.

A tanker truck leaves the Petrobras Alberto Pasqualini Refinery in Canoas, Brazil May 2, 2019. Picture taken May 2, 2019. REUTERS/Diego Vara ORG XMIT: HFS-SMS201 - Diego Vara/Reuters

“Não vamos investir em operações [de renováveis] porque é um negócio que requer competências diferentes do negócio de petróleo e gás. Se entrarmos nesse jogo, temos que entrar para ganhar. Não entrar açodadamente só porque os outros estão fazendo. É proibido perder dinheiro”, disse Castello Branco, que declarou que vai manter a pesquisa no setor.

Ele disse ainda que, entre as concorrentes internacionais do setor de óleo e gás, há “muito marketing e poucas ações de fato” no investimento em renováveis.

“Se formos ver as companhias europeias, que são as principais que focam no negócio de energia renováveis, a projeção da participação de energia renováveis em suas receitas em 2030 é 1%, no máximo 1,5%. Na prática não é tudo isso”, disse Castello Branco.

O executivo disse que vai manter pesquisas na área, algumas em conjunto com a francesa Total.

Ainda há muita divergência sobre quando a transição energética ocorrerá de fato, mas a aceleração dos investimentos de petroleiras em energia renovável é um forte indicador do que as empresas têm como perspectiva.

A Shell criou há cerca de dois anos sua linha de negócios focada em novas energias, que inclui investimentos em novos combustíveis e em energia elétrica —principalmente na aquisição e construção de usinas solares e eólicas.

Em maio passado, a norueguesa Statoil tomou uma decisão radical e mudou seu nome para Equinor —tirando a referência a “óleo” de sua marca.

A companhia anunciou que até 2030 vai direcionar 20% de seus investimentos globais para energias renováveis.

O Brasil tem sido alvo de grande parte desses investimentos das companhias petroleiras, principalmente por seu potencial natural.

Selo da Bolsa é 'irrelevante'

Castello Branco também reduziu a relevância do programa da Bolsa brasileira, a B3, criado para atestar esforços de empresas estatais do país que buscam melhorar a governança.

Ele classificou o Programa Destaque em Governança de Estatais da B3 como “irrelevante” e afirmou que tem como parâmetro de governança “os melhores do mundo, não um grupo específico”.

“Não estamos fazendo estudos nenhum de se é bom ou ruim ficar lá no destaque das estatais. Não tem nenhum valor. É como disputar a série C do Brasileiro. Queremos disputar as Champions League”, disse ele.

Castello Branco também disse que não vê importância na presença da Petrobras no programa como forma de impulsionar a governança nas demais estatais.

“Queremos nos espelhar nos melhores do mundo, não num grupo específico. Não está decidido nada. Isso é irrelevante”, disse ele.

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