Carta 'não representa com precisão' posição dos EUA, afirma Mike Pompeo

Secretário de Estado americano acentua apoio ao Brasil na OCDE, mas ainda sem prazos ou medidas concretas

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Washington e Brasília

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, acentuou nesta quinta-feira (10) o apoio do governo dos EUA à entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e afirmou que a carta de endosso a outros países "não representa com precisão" a posição americana. 

Pompeo, entretanto, não apresentou prazos ou um sistema concreto para operacionalizar o ingresso brasileiro na organização, medidas que eram esperadas pela cúpula do governo Jair Bolsonaro até o fim deste ano.

"Ao contrário das informações da imprensa, os Estados Unidos, em linha com a declaração conjunta de Trump e Bolsonaro em 19 de março, apoiam inteiramente o Brasil para iniciar o processo para se tornar um membro pleno da OCDE [...] A carta vazada não representa com precisão a posição dos Estados Unidos em relação à ampliação da OCDE. Somos apoiadores entusiasmados da entrada do Brasil nessa importante instituição e vamos nos empenhar fortemente para apoiar o acesso do Brasil", disse o secretário em nota divulgada pelo Departamento de Estado.

Após Pompeo, Trump foi ao Twitter ecoar o discurso de seu auxiliar. Disse que a declaração conjunta que fez com Bolsonaro em março “deixa absolutamente claro” que ele apoia a entrada do Brasil na OCDE.

“Os EUA mantêm a declaração e está ao lado de Bolsonaro. Esse artigo é fake news”, escreveu o presidente americano em referência à reportagem da Bloomberg.

Mais cedo, a agência Bloomberg havia revelado uma carta em que Pompeo diz à OCDE que vai dar suporte somente às candidaturas de Romênia e Argentina —em detrimento ao Brasil—, e que não quer discutir neste momento uma ampliação maior do grupo de 36 países.

A nova declaração de Pompeo acontece menos de três horas depois da divulgação de uma nota pelo próprio Departamento de Estado americano, que mantinha o apoio dos EUA ao ingresso do Brasil no grupo dos países ricos, mas ponderava que a expansão da entidade deveria ser feita em "ritmo controlado."

O posicionamento pouco assertivo dos EUA havia frustrado a cúpula do governo brasileiro. A nota do Pompeo, por sua vez, foi vista como mais explícita, nas palavras de um diplomata, mas ainda sem cravar o que chamam de operacionalização, ou seja, um calendário que contemple de fato o Brasil.

A avaliação de integrantes do Itamaraty é que os EUA não se engajaram para valer na negociação com os demais membros da OCDE para encontrar a maneira que permita ampliar a organização com a participação brasileira.

A formalização do apoio americano às candidaturas que não do Brasil foi uma decisão política, e não burocrática, dizem pessoas que participaram das negociações, e a tentativa do governo brasileiro agora é suavizar a sensação de uma derrota diplomática.

O chanceler Ernesto Araújo, por exemplo, já publicou a declaração de Pompeo nas redes sociais. Mais cedo, o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Filipe Martins, publicou em suas redes sociais que o Brasil havia concordado com um cronograma que teria início com a Argentina e que a "histeria" sobre o assunto era fruto da cobertura da imprensa.

O apoio americano ao Brasil na OCDE foi um dos principais compromissos firmados na visita de Bolsonaro à Casa Branca, em março, e contou com a contrapartida brasileira de abrir mão do tratamento especial dado a países emergentes na OMC (Organização Mundial do Comércio). Na ocasião, o aparente acordo foi visto como uma vitória da diplomacia brasileira.

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