Maia vê cenário difícil para PEC paralela da Previdência na Câmara

Proposta que inclui estados e municípios foi aprovada nesta terça (19) pelo Senado; presidente da Câmara é contra afrouxamento no cálculo de aposentadoria

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Brasília

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), prevê um cenário difícil para o projeto com mudanças à reforma da Previdência, chamado de PEC (proposta de emenda à Constituição) paralela.

Aprovado pelo Senado nesta terça (19), o texto reúne alterações nas regras de aposentadorias e pensões que entraram em vigor na semana passada. O principal objetivo é permitir que a reforma seja estendida a servidores estaduais e municipais.

A Câmara, no primeiro semestre, já rejeitou essa ideia diante da campanha, especialmente de governadores e prefeitos do Nordeste, contra a reforma da Previdência.

Um dos principais fiadores da reestruturação das regras de aposentadorias e pensões, Maia acredita que o clima entre os deputados somente poderia mudar se houvesse um amplo apoio à PEC paralela no Senado.

“Os senadores dos partidos ligados aos governadores do Nordeste não votaram [pela proposta]”, disse Maia.

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), é contra a mudança no cálculo das aposentadorias - Pedro Ladeira/Folhapress

Líderes do centrão – grupo de partidos independentes ao governo e que, juntos, representam a maioria da Câmara – dizem, nos bastidores, que a resistência à proposta ainda é muito grande.

O texto ainda precisa chegar à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. A seguir, o presidente da comissão, Felipe Francischini (PSL-PR), designará um relator para analisar a constitucionalidade da proposta.

Antes, no entanto, prevê pautar a PEC que faz parte do pacote social lançado pelo presidente da Câmara na última terça (19). “Vota antes da paralela, porque chegou antes.”

A ideia é incluir na Constituição que os benefícios de transferência de renda sejam atualizados anualmente acima da inflação. Hoje, o valor do Bolsa Família não tem correção automática.

Maia também criticou a decisão do Senado que, nesta terça, incluiu na PEC paralela um afrouxamento na fórmula de cálculo do valor da aposentadoria.

A reforma, que passou a valer na semana passada, determina que será considerado todo o histórico de contribuições do trabalhador efetuadas desde julho de 1994.

Antes, a fórmula era mais vantajosa, pois considerava só as 80% maiores contribuições desse período. Ou seja, eram descartados os menores salários.

O Senado quer que a aposentadoria seja calculada novamente sobre as 80% maiores contribuições, desconsiderando os salários menores. Gradualmente o percentual subiria e atingiria 100% das contribuições a partir de janeiro de 2025.

“Assuntos como Previdência não devem ser modificados com tanta agilidade”, afirmou Maia. Para ele, isso pode gerar insegurança aos trabalhadores.

A equipe econômica defendia que a regra atual – em vigor desde semana passada – não fosse alterada. Caberá aos deputados a decisão sobre o assunto, pois o afrouxamento precisa do aval das duas Casas.

Técnicos do governo têm dúvidas se o Congresso irá aprovar a PEC paralela. Apesar de defender a entrada de estados e municípios na reforma, uma ala do time de Guedes acredita que os deputados vão engavetar a PEC paralela.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), disse que, apesar das mudanças aprovadas nesta terça, a proposta tem o interesse do Palácio do Planalto, pois ajuda estados e municípios a ajustarem as contas.

Ele nega que faltou empenho da Casa. “O Senado, de forma expressiva, votou pela inclusão de estados e municípios”, disse Bezerra Coelho.

A estimativa, não atualizada, é que estados e municípios, que enfrentam crise fiscal, poderiam economizar cerca de R$ 350 bilhões em dez anos.

Para incentivar o ajuste fiscal, a PEC paralela permite que governadores e prefeitos possam replicar o endurecimento das regras previdenciárias para os seus servidores.

Bastaria a aprovação de uma lei nas respectivas assembleias e câmaras municipais. Isso facilitaria o trabalho dos governantes, que não precisariam fazer a própria reforma.

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