SP e Minas testam processo de seleção de servidor público por competência

Mais de 1.000 servidores da rede paulista de ensino se candidataram a 34 vagas

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São Paulo

Um em cada quatro dirigentes regionais de Educação do estado de São Paulo foram escolhidos a partir da metodologia de seleção por competência desenvolvida pela Aliança, parceria formada pela Fundação Lemann, Fundação Brava, Instituto Humanize e República.org.

Em 2019, a Secretaria de Educação do Estado iniciou o processo para selecionar 34 dos 91 profissionais responsáveis por uma rede de mais de 5.000 escolas. 25 já estão trabalhando.

Mais de 1.000 servidores da rede paulista de ensino se candidataram. Para participar do processo é necessário ser profissional concursado da rede.

Após as etapas iniciais, foram selecionados três profissionais por vaga, posteriormente entrevistados pelo secretário e secretários executivos da pasta.

Os responsáveis pela área de recursos humanos da secretaria também receberam treinamento para aplicar a metodologia. Nas novas seleções, a ideia é que a participação dos profissionais da secretaria ganhe espaço, com acompanhamento à distância da Aliança.

Está previsto novo processo seletivo para outras regionais. Supervisores e diretores das escolas também serão escolhidos dessa forma.

“Ter bons líderes é essencial quando a gente pensa em melhorar o resultado. Se fossemos uma empresa, seríamos a maior do Brasil [em funcionários]. São 250 mil. É claro que vou encontrar [entre eles] 91 bons dirigentes, 5.100 bons diretores”, diz Haroldo Corrêa Rocha, secretário-executivo da Educação do governo de São Paulo.

Ele afirma que a educação brasileira necessita de recursos, mas precisa também melhorar a gestão, principalmente nos cargos de alto escalão.

“A gente aposta nessa metodologia de dar oportunidade a todos. Os que chegaram ao final chegaram por mérito, não tiveram de pedir a político nenhum. Os liderados sabem que eles vieram por mérito. Faz uma enorme diferença. É uma turma com alto estima, respeitada pelos colegas.”

Passada a fase de seleção, a secretaria trabalha agora na metodologia para avaliação de desempenho e desenvolvimento dos profissionais. Muitos são professores que, embora tenham demonstrado aptidão para cargos de liderança, não estão acostumados com todas as obrigações burocráticas das novas funções, como a necessidade de realizar compras e executar outras despesas públicas.

A Aliança também trabalha no programa Transforma Minas, que selecionou 165 profissionais, entre 9.000 inscritos, para vagas em várias secretarias e órgãos de governo, incluindo subsecretários.

Entre os selecionados, 80% são servidores de carreira e 20% vieram do setor privado, de acordo com o Secretário de Planejamento e Gestão de Minas, Otto Levy. “Do ponto de vista do funcionário público, isso mostra que estamos reconhecendo o talento.”

O secretário afirma que muitos desses cargos de confiança eram normalmente ocupados por funcionários não-concursados. Diz ainda que, com o sistema consolidado, poderá haver indicações políticas, desde que o indicado consiga passar pelo processo seletivo.

“O objetivo é fazer uma mudança de cultura no serviço público, caminhar para a profissionalização, para que cargos de chefia sejam ocupados baseados na meritocracia. O que a gente espera é uma melhora na gestão do estado e que isso se reflita em melhores resultados e serviços.”

Em novembro, foi iniciada a segunda etapa do programa, de desenvolvimento de habilidades de liderança, aplicada a subsecretários e outros gestores com cargos equivalentes.

Entre os cargos de maior nível hierárquico está o de subsecretário de Planejamento e Orçamento, que passou a ser ocupado por Felipe Magno, 32, funcionário de carreira desde 2010, que irá liderar uma equipe de cerca de 50 servidores.

Ele passou pelo processo de seleção e, posteriormente, definição de metas junto ao secretário e ao governador. Participa agora da fase de desenvolvimento de competências e identificação de necessidades de aprimoramento, junto aos demais gestores.

“É um processo que dá oportunidade para que todos possam participar. Na seleção é feita entrevista técnica, análise de currículo, de competência e isso possibilita uma escolha mais alinhada com a vaga”, afirma Magno.

A previsão é que o Transforma Minas preencha 325 vagas até 2022, em processo realizado pela própria secretaria com a metodologia do programa.

Segundo estimativas da Fundação Lemann, há mais de 23 mil cargos de livre nomeação no governo federal e 120 mil em governos estaduais.

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