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Trump prevê pacote com envio de dinheiro aos americanos para enfrentar coronavírus

Plano é liberar US$ 1 trilhão em estímulo à economia americana

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Washington

O governo Donald Trump anunciou nesta terça-feira (17) que está trabalhando para enviar dinheiro diretamente às famílias americanas como parte de um pacote de estímulo à economia que pode chegar a US$ 1 trilhão, em uma tentativa de conter o impacto da pandemia do coronavírus nos Estados Unidos.

A medida marca uma das maiores investidas fiscais de emergência da história americana, em um movimento agressivo da Casa Branca em conjunto com o Congresso para responder à crise que já fechou escolas, fábricas, bares e restaurantes e atingiu o comércio e os negócios do país.

"Vai ser grande e vai ser ousado", afirmou Trump em coletiva na Casa Branca referindo-se ao pacote que ainda está em negociação no Congresso. Segundo o presidente, há entusiasmo no Legislativo com as medidas.

Presidente americano, Donald Trump, anuncia medidas de estímulo à economia contra o coronavírus
Presidente americano, Donald Trump, anuncia medidas de estímulo à economia contra o coronavírus - Jonathan Ernst/Reuters

As discussões ganharam caráter de urgência com a gravidade dada ao cenário econômico pelo próprio presidente. No início da crise, Trump chegou a minimizar as consequências do coronavírus, mas, em pronunciamento nesta segunda-feira (16), fez um apelo para que americanos ficassem em casa e admitiu inclusive a possibilidade de os EUA entrarem em recessão.

O secretário do Tesouro americano, Steve Mnuchin , afirmou que o prazo para o envio do dinheiro aos americanos pode acontecer em até duas semanas, mas não deu detalhes sobre valores.

Alguns parlamentares, como o senador republicano Mitt Romney, têm discutido o pagamento de US$ 1 mil.

Mnuchin, por sua vez, esteve com Romney esta semana e disse que essa era "uma das ideias". O secretário, porém, preferiu não se comprometer com números.

Há parlamentares democratas, como o senador Cory Booker, por sua vez, que pressionam por um valor maior, de US$ 2 mil, para famílias que atinjam até uma certa faixa salarial.

De acordo com a agência de notícias Reuters, Trump disse a aliados que US$ 1 mil pode ser uma boa quantia.

Segundo a Bloomberg, Mnuchin disse a senadores republicanos que a crise atual tem o potencial de ser pior que a de 2008 e que, caso o governo não intervenha, o desempego pode subir para 20%. Hoje, está em cerca de 3,5%, menor nível desde 1969.

A ideia do pagamento direto a cidadãos ganhou apoio de republicanos e democratas e reflete o esforço bipartidário, mesmo em ano de eleição, para tentar vencer a pandemia do coronavírus.

Inicialmente, Trump queria fazer algum manejo com os impostos para tentar diminuir as consequências econômicas geradas com a crise, que ataca diretamente o bolso dos americanos mas preferiu abraçar a ideia do Congresso de fazer o pagamento diretamente aos cidadãos americanos como a forma mais rápida de injetar dinheiro na economia.

Nesta terça, porém, o presidente disse que essa medida que trabalhar em cima de impostos era uma saída a ser considerada, mas poderia levar um longo período para gerar resultados. "E queremos fazer algo bem mais rápido do que isso. Então acho que temos maneiras de conseguir dinheiro mais rápido e de um jeito mais assertivo."

O secretário do Tesouro discutiu detalhes do pacote com o Senado americano nesta terça.

O líder da maioria na Casa, senador republicano Mitch McConnell, afirmou que os parlamentares não entrarão em recesso sem antes firmar um acordo sobre o pacote de estímulo econômico.

Além do envio de dinheiro diretamente aos americanos, a Casa Branca também pretende repassar cerca de US$ 50 bilhões para o setor de empresas aéreas, que vem sofrendo com as restrições de voos entre países da Europa e dos EUA, por exemplo.

Na semana passada, Trump anunciou a suspensão dos voos que chegam de diversos países da Europa aos EUA como uma maneira de tentar conter o vírus no país —segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o continente europeu ultrapassou a Ásia como principal foco da doença.

O banimento das rotas foi visto como a primeira mudança brusca de comportamento de Trump. Em campanha à reeleição, o presidente sabe que uma crise econômica grave neste momento pode minguar suas chances de ser reconduzido à Casa Branca.

O Tesouro também flexibilizou prazos para pagamento de impostos com permissão para até 90 dias de adiamentos sem previsão de multas ou taxas.

Pessoas físicas vão poder postergar o pagamento ao fisco de montantes de até US$ 1 milhão e empresas, de até US$ 10 milhões. O governo americano avalia que a medida será eficaz para ajudar a estabilizar a economia em meio à baixa produção e consumo.

Trump tem trabalhado com sua equipe —e pedido colaboração do Congresso— para montar um plano emergencial de ajuda às famílias de classe média e baixa renda e o pagamento direto aos cidadãos foi a maneira mais rápida que seu governo encontrou de tentar injetar recursos na economia. A Casa Branca também quer incluir no pacote assistência para pequenas empresas e seus funcionários.

"Estamos dando alívio às indústrias e pequenas empresas afetadas e garantimos que emergimos desse desafio com uma economia próspera e crescente, porque é isso que vai acontecer", disse Trump.

O pacote de US$ 1 trilhão será além dos US$ 100 bilhões aprovados pela Câmara na semana passada —também na esteira da crise do coronavírus— que prevê licença médica paga, seguro-desemprego e outros benefícios para trabalhadores afetados pela pandemia.

Apesar da promessa de trabalho em conjunto, há pontos de tensão na maneira que republicanos e democratas preferem conduzir a crise.

Integrantes da Casa Branca defendem o corte de impostos e ajuda à indústria, enquanto democratas preferem focar na ajuda aos trabalhadores e prestação de serviço de saúde.

Fed vai comprar dívida de empresas

Em outra medida anunciada para conter os reflexos econômicos do coronavírus, o Fed (banco central americano) disse nesta terça-feira que relançará compras de dívida corporativa de curto prazo. O instrumento foi utilizado na época da crise financeira de 2008 para apoiar os mercados de crédito prejudicados por uma crescente emergência de saúde pública que tem interrompido a vida diária de milhões de norte-americanos e ameaça empurrar a economia para a recessão.

Sob o Mecanismo de Financiamento de Papéis Comerciais, usado pela primeira vez em 2008, o banco central comprará dívida corporativa de curto prazo diretamente das empresas que a emitem.

O Fed disse que a medida fornecerá um pano de fundo de liquidez aos emissores norte-americanos de papel comercial através de um veículo para fins especiais que comprará papel comercial não garantido e lastreado em ativos financeiros diretamente de companhias elegíveis.

O mercado de papel comercial é uma fonte importante de financiamento de curto prazo para uma série de negócios, mas a liquidez secou nas últimas semanas.

"Ao eliminar grande parte do risco de que os emissores elegíveis não conseguirão pagar os investidores ao reverter suas obrigações de papel comercial vencidas, esse mecanismo deve incentivar investidores a se envolverem novamente em empréstimos a prazo no mercado de papéis comerciais", afirmou o Fed em um comunicado.

"Um mercado melhorado de papéis comerciais aumentará a capacidade das empresas de manter emprego e investimento à medida que o país lida com o surto de coronavírus", acrescentou o Fed.

Com agências de notícias

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