Descrição de chapéu Coronavírus

Pfizer esvazia escritórios no Brasil e preserva só produção

Até equipe de venda saiu da rua; só ficaram aqueles que fabricam medicamentos

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São Paulo

A Pfizer, uma das maiores farmacêuticas do mundo, tem três focos durante a pandemia de coronavírus: proteger os funcionários do contágio, participar da corrida para tentar eliminá-lo e suprir a demanda por remédios tradicionais que garantem o tratamento dos que já contraíram a doença.

A empresa foi uma das primeiras a colocar quase toda a equipe em trabalho remoto. Dos cerca de 2.000 funcionários no Brasil, 1.500 deixaram os escritórios. O presidente da empresa no Brasil, Carlos Murillo, foi um dos últimos a sair, na quarta-feira (18).

“O home office já é uma realidade na área administrativa, mas foi a primeira vez que a força de vendas ficou em casa, fazendo contato com os clientes por telefone e mensagens”, diz Murillo, em entrevista à Folha por telefone.

 Carlos Murillo, presidente da Pfizer no Brasil
Carlos Murillo, presidente da Pfizer no Brasil - Adriano Vizoni

Permanecem em campo, por assim dizer, apenas os 500 empregados das linhas de produção de medicamentos, que trabalham sob alta proteção na unidade de Itapevi (SP) para garantir o abastecimento de remédios não apenas às farmácias mas também a programas de saúde pública.

Parte deles são fármacos que auxiliam no tratamento da Covid-19 dos que já estão infectados. Murillo diz que remédios contra infecções hospitalares ou pneumonia, por exemplo, não podem faltar.

“Temos que assegurar o suprimento de produtos críticos que já desenvolvemos a hospitais. Uma coisa é encontrar a possível cura ou a vacina à Covid-19, outra é assegurar que, qualquer que seja a situação de complexidade, teremos produtos que serão utilizados para tratar pacientes”, disse Murillo.

Na semana passada, Albert Bourla, presidente global da Pfizer, enviou um comunicado ao presidente Jair Bolsonaro reforçando o compromisso em garantir a oferta contínua desses medicamentos.

A farmacêutica fez um levantamento detalhado do que possui e o que deve ser privilegiado em termos produção.

No mundo, a companhia atua com cinco prioridades: compartilhamento de conhecimento e ferramentas abertas para pesquisadores trocarem conhecimento sobre a nova doença, criação de uma equipe dedicada ao coronavírus, auxílio a biotechs que tentam desenvolver remédios, oferta da capacidade de manufatura da empresa e comunicação próxima com agências reguladoras para quem conseguir avançar.

A Pfizer é uma das grandes companhias farmacêuticas do mundo que neste momento participam da busca de uma medicamento para combater o avanço do coronavírus.

Em reunião recente com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o chefe científico global da empresa destacou que a principal frente de combate à Covid-19 está nas potenciais terapias antivirais que já vinham sendo desenvolvidas pela companhia e cujas provas iniciais de laboratórios têm se
mostrado efetivas.

A outra frente, segundo ele, é a própria vacina. Esse trabalho vem sendo realizado em conjunto com a comunidade científica internacional. Tanto o antiviral quanto a vacina estão em estágios iniciais.
“A expectativa é que o resultado seja positivo, mas trabalhamos em uma indústria que oferece muito risco”, diz.

A fabricação de um remédio pode levar de 10 a 12 anos e demandar US$ 1,5 bilhão em pesquisas até chegar aos testes em humanos. É um desafio encurtar drasticamente os prazos durante a pandemia.
Os reflexos do coronavírus nos negócios ainda não foram dimensionados. Não houve revisão de investimento no Brasil, mas a empresa pode crescer, segundo Murillo, pela incorporação de medicamentos nos programas de governo.

Em 2019, a Pfizer teve o melhor ano da história no Brasil.

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