Imagens nazistas invadem entrevista coletiva com imunologistas brasileiros no Zoom

Fotografias de Hitler apareceram depois de 50 minutos de conferência; usuários relatam que entraram sem senha

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São Paulo

Uma entrevista coletiva que reunia imunologistas brasileiros no aplicativo de videochamadas Zoom foi invadida por imagens nazistas nesta segunda-feira (6).

A reunião foi organizada pela SBI Imuno e pela Agência Bori, com apoio da RedeComCiência, e servia para tirar dúvidas de jornalistas sobre a Covid-19.

Logotipo do Zoom; videochamada com imunologistas foi invadida - AFP

Chamada de "Soluções de saúde para Covid-19: panorama das pesquisas no Brasil e nos EUA e sistema imune em tempos de confinamento", a conferência reunia pesquisadores e especialistas de entidades como a Sociedade Brasileira de Imunologia, a Rockefeller University e a UFMG.

A videochamada tinha 60 participantes. Eles estavam com câmeras e microfones abertos.

Não é possível saber se o aplicativo foi hackeado, já que a sala não havia implementado senha a todos os participantes. Muitas pessoas estão divulgando links de reuniões de forma ampla na internet.

Neste caso específico, o link foi passado apenas a pessoas previamente inscritas para fornecer informações qualificadas e tirar dúvidas sobre a Covid-19.

"Não se tratava de uma live pública e ela foi feita dentro de um plano comercial adquirido. Ou seja, não era gratuita e, teoricamente, deveríamos estar protegidos deste tipo de ataque", diz Adriana Cohen, gestora de comunicação da SBI.

De acordo jornalistas presentes, aos 50 minutos de conferência, começaram a entrar fotos de Hitler e interferência de outras vozes.

"A tela ficou 'full screen' e havia uma criança gritando. Aí colocaram a busca do Google com imagens de Hitler e, depois, saudações nazistas", relatou um dos presentes que não quis ser identificado.

Mais cedo, nesta segunda, a Anvisa decidiu bloquear o uso interno do aplicativo.

O produto tem sido alvo de acusações internacionais sobre potenciais falhas de segurança que expuseram vídeos de usuários na internet ou permitiram a entrada de pessoas não convidadas às reuniões, prática apelidada de "zoombombing".

Com o isolamento social e o regime de teletrabalho, o Zoom passou de 10 milhões para 200 milhões de usuários durante a pandemia. ​

Após duas denúncias de jornais americanos na semana passada, o fundador do Zoom, Eric Yuan, afirmou à CNN, neste domingo (5), que "mudamos rápido demais ... e tivemos alguns erros". "Aprendemos nossas lições e recuamos um passo para focar na privacidade e segurança".

Uma reportagem do jornal The Washington Post informou que vídeos privados podem ter sido salvos na nuvem em servidores do software sem necessidade de senha para o acesso.

Outra possível falha, reportada pelo The New York Times, seria um recurso de mineração de dados no Zoom que permitia que participantes das videochamadas acessassem dados do perfil de LinkedIn de outros usuários.

O escritório do FBI em Boston já havia emitido um aviso sobre o aplicativao, orientando que usuários não tornassem públicas suas reuniões e não compartilhassem os links de forma ampla.

Desde que virou um dos aplicativos preferidos para reuniões durante a quarentena, o Zoom fez algumas adaptações de segurança. O compartilhamento de telas, por exemplo, só é permitido a pessoas autorizadas pelo organização da videochamada.

Há duas configurações que ajudam a prevenir a entrada de pessoas indesejadas na modalidade "meetings": a exigência de senha e a habilitação de uma sala de espera, em que o indivíduo precisa aguardar a aprovação do moderador.

A reportagem não conseguiu contato com a empresa até a publicação desta notícia.

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