10% mais ricos ficam com 43% da renda nacional, diz IBGE

População com fonte de renda cresce em 2019, mas desigualdade não cai

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Rio de Janeiro

Pesquisa divulgada nesta quarta (6) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que a desigualdade de renda no país parou de crescer após três anos seguidos de alta. Mas estagnou nos maiores patamares da série histórica iniciada em 2012.

Com a queda do desemprego para 11% no ano passado, aumentou em 2019 a fatia da população brasileira que tinha algum tipo de rendimento. A melhora no cenário, porém, foi acompanhada de uma explosão na informalidade, que atingiu o maior nível desde 2016.

De acordo com o IBGE, 2,4 milhões de brasileiros passaram a ter algum rendimento do trabalho em 2019, elevando a 44,1% o número de pessoas nessa situação. A renda média mensal do trabalhador foi de R$ 2.308 por mês, contra R$ 2.317 registrados no ano anterior.

O estudo mostra que a metade mais pobre da população vive com uma renda média de R$ 850 por mês. Os 5% mais pobres, ou cerca de 4,5 milhões de pessoas, recebem R$ 165, em média, por mês.

Já os 1% mais ricos, cerca de 900 mil pessoas, ganharam em 2019 R$ 28.659 por mês. O valor equivale a 33,7 vezes a média da metade mais pobre.

Em 2015, ano de menor desigualdade desde o início da série histórica em 2012, a diferença foi de 30,5 vezes. O índice de Gini do rendimento do trabalho ficou em 0,509, mesmo patamar de 2018 e pouco acima dos 0,508 de 2012.

Segundo o IBGE, o aumento da desigualdade foi mais intenso na região Nordeste, onde o rendimento médio dos 1% mais ricos cresceu 11%. A região tem o maior índice de desigualdade na renda do trabalho do país. O IBGE, porém, não avaliou os motivos da alta.

A massa real de rendimento, que soma as rendas mensais de todos brasileiros, foi de R$ 213,4 bilhões em 2019. O valor é 2,2% maior que o verificado em 2018, refletindo o aumento no número de pessoas com renda mensal. Deste total, 43,1% ficou nas mãos dos 10% mais ricos, valor praticamente estável em relação a 2018.

Já os 10% mais pobres ficaram com 0,8% da massa de rendimento mensal domiciliar per capita no país.

Considerando outras fontes de renda, como aposentadorias, aluguéis, pensões alimentícias e mesadas, o rendimento médio do brasileiro em 2019 foi de R$ 2.244, praticamente estável em relação aos R$ 2.247 do ano anterior.

Destas fontes, a principal é a aposentadoria, que representou em média 20,5% do rendimento médio total do brasileiro em 2019, também estável em relação ao ano anterior. Aluguéis e arrendamentos representaram 2,5% e pensões alimentícias, doações e mesadas de não moradores, 1,1%.

O percentual de domicílios atendidos pelo Bolsa Família caiu em 2019, de 13,7% para 13,5%, mas o número de domicílios cresceu, o que indica que não houve redução em números absolutos, segundo o IBGE. Em 2019, o país tinha 72,4 milhões de domicílios, cerca de 1,4 milhão a mais do que no ano anterior.

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