“Olá, precisamos falar com você.”
Foi a mensagem que recebi da American Airlines por email no dia 7. A data marcaria o retorno dos voos da empresa entre EUA e Brasil. Minha viagem de Austin para São Paulo (com escala em Miami) estava marcada para o dia 18.
Não deu tempo nem de sonhar com oferta de upgrade sem custos da classe ou outra boa notícia. Na primeira ligação para o call center fui informado de que a retomada dos voos entre Brasil e EUA havia sido adiada para julho.
Antes da Covid-19, mais de dez empresas tinham voos entre os dois países. Agora, só três, e apenas a United Airlines com um voo diário, de Houston a São Paulo.
Sem muita opção, o jeito foi comprar essa passagem e torcer. Bilhete emitido não era garantia de segurança. Com os números de contaminados e mortos no Brasil, o medo de que os EUA barrassem voos do Brasil aumentava.
Na quarta (13), enfim, embarquei em Austin para um escala em Houston e chegada a São Paulo prevista para a manhã seguinte.
Para quem esperava um cenário de ficção cientifica nos aeroportos, com funcionários com roupas de proteção e checando a temperatura dos passageiros, a realidade foi frustrante. Nada disso foi feito no embarque ou no avião. Todos usam máscara, mas isso nem chama mais a atenção. O que se vê nos aeroportos são lojas, cafés e restaurantes fechados e cadeiras vazias.
No pacote bilionário de ajuda que ofereceu para as companhias aéreas, o governo americano exigiu como contrapartida que fosse mantida a maioria dos voos, mesmo com uma queda de aproximadamente 90% no total de passageiros em abril.
Sem demanda, as empresas não têm problema para cumprir a regra de deixar pelo menos uma cadeira vaga entre cada passageiro.
No voo de Houston para São Paulo, o espaço era ainda maior. Quase todos os passageiros tinham três poltronas para usar durante a viagem de dez horas de duração.
Minutos antes do embarque, um aviso não muito animador. Segundo a comissária de bordo, devido a regras para reduzir o contato entre pessoas na viagem, não haveria serviço de bordo com refeições durante o voo. Recebemos um sanduíche frio e uma opção de bebida.
“Apenas passageiros da primeira classe serão servidos com refeição”, completou a funcionária da United.
No voo, o serviço de bordo foi substituído por fiscalização de bordo. Enquanto circulavam pelo corredor entre as poltronas, os comissários checavam os rostos dos passageiros mais do que a cintura. O aviso de aperte os cintos foi substituído por outro recado: “Não tire a sua máscara!”.
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