XP diz perder apenas 11% dos investimentos quando agente autônomo migra para concorrente

É a primeira vez que a corretora abre esse número em uma reação à saída de quatro escritórios em uma semana

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São Paulo

Após a saída de quatro escritórios de agentes autônomos da XP para o BTG em um espaço de uma semana, a corretora decidiu divulgar ao mercado informações sobre o potencial de migração do dinheiro dos investidores junto com os assessores de investimento.

É a primeira vez que a XP publica dados desse tipo num esforço de minimizar a impressão negativa do movimento de saída de seus parceiros para corretoras concorrentes.

Segundo o comunicado ao mercado, em média os escritórios conseguem levar junto apenas 11% da carteira dos clientes nos três primeiros meses após o fim da parceira. Os demais investidores permanecem na XP e passam a ser atendidos por outro escritório de agente autônomo.

“Já em relação aos períodos de seis e doze meses, os valores transferidos foram de
13% e 7%, respectivamente e de forma cumulativa”, afirma a corretora no texto.

Sede da XP em São Paulo
Sede da XP em São Paulo - Amanda Perobelli/Reuters

Carlos Lazar, diretor de relações com investidores da XP, afirma que a decisão de anunciar o dado tem o objetivo de dar maior transparência ao mercado e atender a questionamentos de investidores. Os nomes de escritórios e o valor individual sob custódia não serão divulgados porque são protegidos por sigilo contratual, diz.

Na semana passada o escritório EQI Investimentos --que se diz o maior escritório de agentes autônomos do país, com cerca de R$ 9 bilhões sob gestão-- anunciou que estava de mudança para o BTG e que deve ter o apoio dele para se tornar uma corretora.

Seguiram depois dele outros três escritórios.

Segundo a XP, nos últimos dois anos, 18 escritórios pediram distrato e foram se associar a outra corretora. Juntos eles tinham R$ 9,9 bi sob custódia.

No mesmo período, teria credenciado outros 139 novos escritórios, com 5.408 novos agentes autônomos.

Antes de ter ações negociadas em Bolsa, Guilherme Benchimol, fundador e presidente da XP, havia anunciado um plano de bater R$ 1 trilhão em ativos sob custódia. Para chegar a esse número, afirmou que precisaria ter 10 mil agentes autônomos ligados a sua corretora.

Mas foi também em 2018 que começou uma longa disputa na Justiça com o BTG, instituição para a qual migram atualmente os escritórios de agentes autônomos.

Àquela época, a corretora de Benchimol acusou o BTG de incentivar agentes autônomos a acessar indevidamente dados financeiros dos investidores para facilitar a migração de corretora. O caso ainda não foi julgado.

Pelas normas da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), os agentes autônomos --sejam eles com atuação individual ou em escritórios-- precisam ter contrato de exclusividade com uma corretora.

De acordo com dados da Ancord (que credencia os profissionais), existiam em maio 10.465 profissionais credenciados para trabalhar como agentes autônomos. Desses, 8.295 estavam efetivamente ligados a uma corretora --a XP diz ter vínculo com mais de 7.000.

A corretora de Benchimol foi fundada em 2001 como um escritório de agente autônomo em Porto Alegre. E a cada onda de ameaça de concorrentes, a XP faz questão de relembrar sua história, em um sinal de compromisso com seus parceiros.

Mas empresa tem também reforçado a comunicação de ataque aos grandes bancos, incluindo aí o Itaú, que tem 46% da corretora.

No mesmo comunicado ao mercado desta quarta-feira, em que diz ter credenciado 5.408 agentes autônomos nos últimos dois anos, a corretora afirma que 87% deles eram novos na profissão. Desses, 30% vieram dos grandes bancos e lá trabalhavam como gerentes ou gestores de patrimônio de alta renda.

"O caminho natural é dos gerentes e bankers irem para plataformas [corretoras]. É natural que sigam para plataformas e mais natural ainda é que venham para a XP", afirmou Lazar.

Em junho, o Itaú lançou uma campanha contra os coletinhos, uma espécie de uniforme da Faria Lima (centro financeiro de São Paulo) e do que é considerada uma versão moderna do mercado financeiro. O Itaú tentava reagir à sangria de profissionais do segmento Personnalité, que atende o cliente de alta renda.

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